quinta-feira, dezembro 28

Rosa Magnífica



O Porto sempre D'ouro.



Rever o Porto é sempre uma delícia. Tivemos sorte. Estava um dia de sol esplendoroso. Estivemos por lá no dia 26 de Dezembro, o dia em Rui Rio não tinha concedido “ponte”. Recordam-se? O “povo” parecia satisfeito. As ruas estavam limpas e os serviços e o comércio abertos.

Fomos em “visita de estudo” particular, estudar como anda a correr o Porto Vivo – A Sociedade de Reabilitação Urbana criada para intervir na cidade “velha”. A experiência parece estar a correr bem. Apesar de demorada pela natureza da intervenção, por ser uma operação de grande complexidade e pioneira no país. Logo muito experimental. O tempo da cidade é sempre mais longo que o dos homens.

Almoçamos no Guarany, um belo café, "à antiga" mas recuperado, em plena Avenida dos Aliados. E ainda tivemos o bónus de poder visitar a magnifica livraria Lello, assim como de conhecer a Casa da Musica e passear no Parque da Cidade ao fim da tarde. Um dia em cheio que devo ao meu patrício do norte.

Mas o que mais fascina é sempre o Douro e a sua relação com as duas margens. Magistral.

sábado, dezembro 23

Coisas cá de casa

Amadeo de Souza-Cardoso V




Já aqui falámos e temos mostrado algumas das suas obras, mas só ontem fomos ver a exposição na Gulbenkian. Em família.
Apesar de já conhecermos algumas das obras acabámos por ficar surpreendidos com a qualidade excepcional do acervo.
Imperdível.

segunda-feira, dezembro 18

Fernando Lopes Graça


Acabou agora o documentário sobre Fernando Lopes Graça na RTP1. Pena ser tão tarde. Parece ser só visível para os “sem sono” ou aos profissionais noctívagos. O direito a assistir a um pouco de “cultura erudita” na televisão só a estes parece reservado.

No ano em que se comemora o centenário do nascimento de Fernando Lopes Graça, o documentário propõe uma viagem pela vida e obra deste grande músico e maestro, tendo como pano de fundo uma entrevista gravada em 1993, um ano antes da sua morte.” Diz a nota televisiva.

Conhecemos pouco da sua obra. Mas esta merecia ser mais reconhecida e divulgada. Por ser menos acessível ao grande público pelo grau de erudição, FLG, não teve a divulgação de outros, mais populares, cantores e compositores de intervenção. Tendo quase caido no esquecimento "auditivo" nos últimos anos. Mas é, agora, possível ter acesso a uma colectânea da sua obra que a pode tornar mais acessível a novas gerações.

No entanto do documentário saltou uma questão sobre a qual há muito reflectimos. Não deixa de ser curioso que, apesar de viver num regime ditatorial, profundamente nacionalista, existiu uma geração de grandes vultos da nossa cultura que procuraram insistentemente uma nova síntese para a cultura e expressão portuguesa. Profundamente ligados a uma certa ideia de identidade portuguesa. Apesar de muitos deles terem sido opositores ao regime salazarista. FLG inclui-se neste rol. Mas podíamos destacar, Fernando Távora na arquitectura, Orlando Ribeiro na Geografia, Miguel Torga na literatura, Agostinho da Silva na filosofia, só para citar alguns.

O interesse pela raiz popular da nossa cultura – talvez a nossa única expressão verdadeiramente genuína, como referia Maria Belo no outro dia – foi comum aos dois extremos ideológicos do regime, Comunismo e Fascismo. A procura de uma ideia de genuína “portugalidade” servia de legitimidade ideológica. O povo rural e fechado mas cheio de identidade era a fonte. Uns procuravam mantê-lo imóvel outros procuravam a sua “libertação” mas ambos os “lados” o veneraram, nas suas características mais profundas, ou pelo menos nas suas formas de expressão cultural.



"Fernando Lopes Graça"
Realização de Graça Castanheira
18-12-2006 01:00
Nascido em Tomar, Portugal, em 1906, Fernando Lopes Graça morreu em 1994. O compositor e musicólogo, criou um estilo intimamente ligado às raízes da música popular portuguesa. Encarcerado durante o regime do Estado Novo, Lopes Graça, foi elevado a herói após o 25 de Abril de 1974. Dedicou o seu Requiem, em 1981, às vítimas do fascismo português.

Agustina III



"Qual a maior sabedoria?

Distinguir o bem do mal."

in Ela Por Ela

18-12-2006 00:30
Conversas entre Agustina Bessa Luís e Maria João Seixas, numa viagem em torno da pátria dos provérbios e dos aforismos.


Vale a pena não perder alguém que pensa e fala livre e sabiamente. Rara portanto.

quinta-feira, dezembro 14

Onze Artistas

Porque também podem acontecer coisas interessantes em Setúbal, deixamos aqui a sugestão para visitar a exposição "Onze Artistas". A decorrer no edifício da AERSET (antigo Banco de Portugal) na Av. Luisa Todi, até 16 de Dezembro (próximo sábado).

Resultado de organização conjunta da FLAD e da Câmara Municipal de Setúbal, apresenta trabalhos de: Helena Almeida, Michael Biberstein, Fernando Calhau, Alberto Carneiro, José Pedro Croft, Ana Hatherly, Álvaro Lapa, António Palolo, João Queiroz, Rui Sanches e António Sena. Todas as obras fazem parte da Colecção da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento e foram fruto de uma selecção por parte da Câmara das obras a expor.

A exposição reúne um conjunto de obras, de autores ,com percursos artísticos notáveis, no nosso contexto artístico. Apesar de pequena, pelas limitações do Espaço, está bem organizada e o desenho do espaço está interessante, aumentando a sua exiguidade. A não perder.


A entrada e o nome dos artistas


O catálogo



João Queiroz

Da série "O Ecrã no peito"

Sem título

1999



João Queiroz

Série "O Ecrã no peito"

1999


Michael Biberstein

Sem título

1992


Ana Hatherly

Carta Cheia de esperança

1973



Alberto Carneiro

Arte-corpo/corpo Arte

1976/78



Estivemos na exposição no contexto de uma visita de estudo com uma das turma de Artes Visuais da Escola Secundária Dom Manuel Martins.


A visita guiada, pelo arquitecto da exposição, Manuel Augusto Araújo.


Os professores e o guia, em frente a um quadro de António Palolo, numa fotografia publicada no site da CMS.

segunda-feira, dezembro 11

A Árvore de Natal Reciclada

Árvore de Natal

Mariana Pereira Pisco
e Avó Tété

2006
Uma árvore de natal feita apenas de materiais reciclados. A beleza pode andar longe do custo...Basta imaginação.

domingo, dezembro 10

Menos um...

No tempo do Cinema


Deu há pouco um documentário lindíssimo sobre João Benárd da Costa (JBC). Valeu a pena ser visto. Boa parte dele passou-se na Arrábida, uma das paisagens de eleição de JBC, ligado a esta desde a sua infância. E dentro desta o Convento Franciscano o lugar de eleição. Os monges sabiam como ninguém escolher os seus lugares. Aos Franciscanos, com pouco mais podiam se satisfazer, tal a frugalidade existencial a que se obrigavam. Contemplar era quase o que lhes restava, para além da oração, e neste caso não teriam do que se queixar. JBC fala de um pouco de tudo, mas como sempre mais de cinema. E muitos falam sobre ele e sobre o que este “monstro” da nossa cultura foi representando para as várias gerações de portugueses, mais ou menos eruditos.

Os testemunhos de muitos atestam só por si a sua relevância e transversalidade num universo tão limitado quanto o que se viveu, e, de certa forma, ainda se vive em Portugal: Alberto Vaz da Silva, Vasco Pulido Valente, Alberto Seixas Santos, João Mário Grilo, Jorge Silva Melo, Miguel Lobo Antunes, Fernando Lopes, Maria João Seixas, Agustina Bessa-Luís, Manoel de Oliveira, Manuel S. Fonseca, Rita Azevedo Gomes, José Manuel Costa, Paulo Filipe Monteiro, Guilherme d' Oliveira Martins, Lucília Alvoeiro, Maria Alice Castro e dos 4 filhos, João Pedro, Mónica, Sofia e Ana.

Este senhor é um daqueles casos a quem o país deve muito. A muitos níveis, sendo o mais visível o cinema. Mas sendo, sobretudo um ser culto e “nobre” no verdadeiro sentido da palavra, nunca o reclamou. Sempre universal mas ao mesmo tempo claro, no seu grau de erudição. Já tivemos a oportunidade de o ver e ouvir algumas vezes, na sua Cinemateca, experiência essa, sempre enriquecedora.

A última grande lição que este senhor nos deu foi o facto de não se querer reformar (da Cinemateca), apesar de a tutela – ou os burocratas do Ministério da Cultura – o desejarem. Mas felizmente, para todos nós, JBC gosta do que faz e encontra nisso a melhor forma de continuar a viver. A todos os níveis exemplar.

A Turquia outra vez...


A entrevista de Luís Amado - Ministro da Defesa - no Público, de Sábado, refere que:
O 11 de Setembro introduzio uma nova lógica internacional e que a "Europa tem de perceber que a Turquia, como um grande Estado islâmico com um regime laico, democrático e com uma profunda relação com a região do grande Médio Oriente, tem de ser encarada neste novo contexto estratégico, e não tendo apenas em conta os factores de referência que tinham a ver com outra realidade. "

Apoiamos.

sexta-feira, dezembro 8

O político do "bom senso"


Ontem Rui Rio (RR) – actual Presidente da Câmara do Porto – deu uma entrevista muito pouco politicamente correcta RTP1. Disse diversas coisas simples, mas de grande alcance, apesar da entrevistadora lhe ter tentado constantemente “minar” a entrevista.

Começou, Judite de Sousa (JS), por tentar (numa postura muito corporativa) (re) confirmar a imagem de homem pouco dado a hábitos democráticos, insinuando que querer “controlar” as entrevistas não era admissível. RR limitou-se a insistir que "O jornalista é dono da pergunta, eu sou dono da resposta". O que RR verificava era que: o jornalista tinha a liberdade de lhe perguntar o que quisesse, o que é normal e salutar em democracia, mas a resposta dele não podia ser deturpada pelo jornalista com vista a não a dar a ideia que ele queria transmitir, mas a dar a ideia que este queria transmitir sobre ele.

O interessante foi verificar ao “vivo e a cores”- em directo - que JS esteve constantemente a tentar fazer o mesmo. Mas naquela circunstância todos nós podemos verificar como actua a comunicação social quando se sente atingida. RR faz o que todos os políticos de “cara lavada” deveriam fazer. Mostrar a mesma consideração pela comunicação social que esta demonstra por ele. Não é politicamente correcto, nos nossos dias, mas RR tem a vantagem de nunca ter ficado a dever favores à comunicação social. Ganhou sempre contra as expectativas desta. E esta não lhe perdoa o facto.

Relativamente ao “escândalo” da perseguição à cultura do Porto RR, limitou-se a dizer que: sendo o dinheiro pouco, investia o dinheiro dos contribuintes em opções estratégicas para a cidade (ex. Serralves, Casa da Música) com vista à afirmação da cidade, em termos nacionais e internacionais e depois investia na ligação da escola à “cultura”, através de projectos específicos (apoio à leitura, etc.). Abandonando a entrega de dinheiro avulso (subsídios) mas continuando a apoiar de outras formas (obras, transportes, etc.). Sabemos que é discutível, como tudo na vida, mas é claro. Também nós achamos que gastar milhares de euros a apoiar quem se limita a fazer com o dinheiro dos outros “performances” em circuito fechado, não é uma politica cultural correcta. E a criação de novos públicos? – Perguntarão alguns. A esses basta dizer que, após tantos anos da mesma conversa, ainda não os conseguiram criar. Quando os criarem, vale a pena apoiá-los…

Sobre política e futebol continuou a dizer que deveriam estar separados e que ambas as actividades ganhavam com isso. Defendeu a separação entre a política e o futebol e garantiu que "não seria deputado se fosse presidente da Liga de Clubes", como acontece actualmente com Hermínio Loureiro, apesar de ser seu amigo.

Sobre Cavaco disse: “Ao colaborar com o Governo, está a fazer o que o País precisa. Entre dois amores, tem que optar pelo País".

Evidências que contrariam muito do manual de “bom politico” actualmente usado no país. RR fala de “fora” da linguagem do politicamente correcto, ou habitual. Fala a linguagem do cidadão comum, do homem “com bom senso”. Sem grandes arrojos, mas com seriedade e consequências. Um politico que irá dar muito que falar. Esperamos…

Uma entrevista muito interessante. Vale a pena verificar como a comunicação social “indirecta” a irá tratar.

quinta-feira, dezembro 7

Cidades 1


Egon Schiele

(1890-1918)

Iniciamos com esta obra de Shiele um conjunto de pinturas de cidades, a mais (in)completa das realizações humanas.

segunda-feira, dezembro 4

Reflexões sobre algumas "vacas sagradas" da educação




Em 1995 fomos à “inspecção”. As “sortes” como se chamava no tempo dos nossos avós. Já com 24 anos. Por sermos estudantes, foi-se adiando. Foi no Quartel da Ajuda e constituiu uma experiência única, a muitos níveis, pois nunca chegamos a passar pela “tropa”. Para além de termos percebido que os óculos passariam a fazer parte da nossa indumentária quotidiana - umas letras que não conseguimos descortinar no exame oftalmológico assim o previram – outros aspectos ficaram na memória. Uns sobre a instituição militar e seu modo de funcionamento “in loco” e outros sobre a realidade sociológica do nosso país.

Sim, pode-se aprender muito num único dia. Nesse dia, já depois de almoço, mandaram juntar todos os “mancebos” na mesma sala para o visionamento de um filme. Quando os “universitários” chegaram já a sala estava composta de “gaiatos”. Na nossa santa ingenuidade perguntámos qual o motivo da separação. Ao que nos responderam “serem rapazes com 9º ano incompleto ou menos de escolaridade". Gelámos. Como seria possível verificar, pela amostra do dia, mais de metade da população portuguesa masculina não possuía, em 1995, o 9ºano completo.

Esta foi a minha primeira experiência “estatística” com esta realidade. Depois dessa já tivemos outras, por força dos estudos que desenvolvemos, mas hoje voltámos a sentir uma sensação equivalente. A propósito de um estudo realizado pelo Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa divulgado hoje, pelo Jornal de Noticias, sobre “A condição juvenil portuguesa na viragem do milénio” soubemos que existem, hoje (2005), no nosso país:


35% dos jovens abandonam estudos sem o 9.º ano;
34% de chumbos no Secundário;
50% dos empregados (15-29 anos) não têm a escolaridade mínima obrigatória.

A frieza dos números revela que muita coisa não vai bem. Não só na escola, nos professores ou nas politicas educativas. Mas na forma como a “nação”, no seu todo, encara a sua educação.

Após vinte anos (1986) da passagem da escolaridade obrigatória para o 9ºano continuamos com 35% dos jovens sem o concluírem. Esta realidade põe em causa muitas das “vacas sagradas” da nossa educação e ensino nos últimos anos, das quais destacamos:

1. Criou-se a ideia que a “facilitação” do ensino poderia conduzir a um maior sucesso (menos chumbos) o que evitaria o abandono escolar dos “menos capazes” ou dos “mais desfavorecidos” e por essa via aumentava as habilitações do país;

2. Pensou-se que a democratização da escola e a gratuitidade do ensino fariam, juntamente com o aumento da escolaridade obrigatória, corrigir, por si só, o nosso atraso estrutural nas escolarização dos portugueses (comparativamente aos nossos parceiros europeus).

3. A cobertura, de todo o território nacional, com equipamentos de ensino (escola à porta de casa), acabaria com o abandono escolar.

Nada disto se verificou como se pensava. Antes pelo contrário.
Não queremos com isto dizer que o aumento da escolaridade obrigatória não tenha sido positivo. Foi. Aliás, historicamente, deve-se ao seu aumento a melhoria, ainda que relativa, das habilitações dos portugueses. Mas não chega. A cobertura do território com equipamentos de educação e ensino, também ajudaram mas não resolveram.

No entanto, a “facilitação” parece não ter trazido mais que a degradação do sistema e o seu nivelamento "por baixo", sem corrigir as desigualdades, antes acentuando-as. Num sistema em que se aprende mal, os que aprendem menos são os que mais dependem do sistema para aprender. Os outros aprendem em casa, na explicação ou pela simples persistência das famílias em os manterem no sistema. Todos os outros mais tarde ou mais cedo abandonam. Pelos vistos 35% actualmente.
E pasme-se 50% dos empregados (15-29 anos) não têm a escolaridade mínima obrigatória. Tudo moços e moças nascidos depois de 1974 e já com escolaridade obrigatória de 9ºAno. 50% é metade dos jovens com este escalão etário.

E anda parte do país a protestar contra as aulas de substituição, quando em todos os países civilizados isso é prática corrente. Mera obrigação de serviço que é suposto prestar pela escola. Ter aulas, quando está previsto. O mais impressionante é que alguns pais alinham no protesto dos alunos, seus filhos. O mau serviço parece ter-se tornado a normalidade, como foi referido num Editorial do Público (30.11.2006) desta semana onde Manuel Teixeira escrevia o seguinte:

“Na semana passada, uma frase proferida por uma dirigente da Federação Regional de Associação de Pais dos distritos do Porto e de Vila Real revelou com crueldade o estado de sítio da educação. Com centenas de adolescentes a protestar em frente às escolas contra as aulas de substituição, o que disse Rosa Novo, secretária da federação? Pois que os alunos têm razão, que "as aulas de substituição não deviam ser obrigatórias", que os jovens do secundário têm idade suficiente para decidir o que fazer nos "furos". A declaração, diluída no coro de exigências, queixumes e protestos que, justa e injustamente, se continuam a lançar aos professores é em si própria um programa. Mostra-nos até que ponto grande parte da sociedade portuguesa está aí para minar e comprometer toda e qualquer reforma de fundo na educação.”




Não pensamos ser esta a realidade de todos os pais, mas a falta de “investimento” na educação começa na família, ou na falta dela. Estendendo-se a toda a sociedade, desde o tecido empresarial ao jovem licenciado, continuando a ver o “canudo”, mais como uma forma de status, do que uma maneira de estar melhor preparado para “aprender” uma profissão e enfrentar o futuro.

Sobre a qualidade do ensino ministrado existe uma pergunta que convém responder. Aceitando que o nosso sistema de ensino não é dos melhores, porque é que os filhos dos emigrantes de “leste” (na sua maioria) se tornam melhores alunos a Português (não falando de outras disciplinas), poucos anos depois de cá estarem, que os filhos da terra, apesar do sistema não ser bom? Que peso terá o empenho da família na escola? Vale a pena tentar perceber, pois a teoria da superioridade (ou inferioridade) da raça já está desacreditada há muitos anos.

“Mas pagar a educação, quando ela já é tão cara?” perguntarão alguns. Pois é? Mas seria uma forma, numa sociedade que só valoriza o dinheiro, de tornar as famílias mais exigentes e participativas nos assuntos da educação. Seguindo o principio de que “quem paga merece ter um bom serviço”. Isto porque muitas famílias estão dispostas a fazer esforços para comprar um carro novo - para não falar da casa – mas não estão na disposição de gastar um cêntimo na educação dos filhos, ou na sua própria formação. Esta é uma atitude cultural que urge mudar.



Mas o que pagam as famílias na educação (ao nível do ensino básico). Fundamentalmente o transporte e os livros. Ao transporte é difícil escapar. Mas nos livros gasta-se pelo menos 150 euros, por ano. Sem hipótese de utilização no ano seguinte. Seremos ricos?

Sabiam que no Reino Unido (país pobre???) as famílias não compram os livros no ensino básico. Os livros estão na escola. Nas salas. E são utilizados em aula pelos alunos que ai se encontram, deixando-os lá, quando saem, para serem utilizados pelos da próxima turma naquela sala. Poupa-se dinheiro e peso nas costas dos alunos. Mas em Portugal paga-se os livros – e aceita-se sem protestar – porque se paga a privados (editoras) mas não se aceita pagar propinas porque é ao Estado (escola). Para um país pobre não está mal. Está péssimo.
Aceitamos o desperdício anual sem retorno em livros que só servem para usar um ano e não aceitamos o investimento na escola pública que fica para as próximas gerações. Assim se gasta o dinheiro de um país “pobre” porque os países “ricos” preferem gastar melhor.

É por tudo isto necessário começar a investir na educação e passar a ver o Estado como um parceiro e não como uma instituição para “sacar” e talvez daqui a uns anos todos estejamos melhor. E investimento não é desperdício é exigência e vontade de aprender.

domingo, dezembro 3

E o funcionalismo?

Le Corbusier foi um dos mais emblemáticos arquitectos do denominado “Modernismo” na arquitectura do século XX.

Quarenta e seis anos depois de encomendado o projecto a este arquitecto, a igreja Saint-Pierre, foi inaugurada esta semana em Firminy, França.

A sua forma é a de um cone assimétrico de 30 metros, em betão, apoiado sobre uma base quadrada (quatro andares servidos por uma rampa).

De acordo com a imprensa esta igreja só ocasionalmente receberá missas, tendo em baixo um centro dedicado a Le Corbusier.

Parece que este novo ícone do Modernismo se vai transformar em pólo de atracção turística com cerca de 30 mil amantes de arquitectura a visitar actualmente Firminy, a câmara local, quer agora captar o grande público. Esperam vir a ter entre 80 a 200 mil visitantes anuais.


O que diria o mestre do "funcionalismo" ao facto de uma das suas obras se concluir apenas para não funcionar para o fim que lhe foi dado?

Apesar de o arquitecto suíço não ser religioso - e de já em vida se ter em alta estima -duvidamos que pudesse imaginar vir a ser motivo, qual santinho, de peregrinação. Agora turístico-cultural e não religiosa mas com grande devoção.

Somos seres humanos, com novos ou velhos Ícones, mas constantemente à procura deles.

Desenhos do Leonardo 1


Leonardo Pisco

Audi Q7


2 de Dezembro de 2006

Iniciamos, hoje, a publicação dos desenhos do Leonardo um desenhador compulsivo desde sempre. Tem 11 anos e é nosso filho.

Começamos com um automóvel, grande "obsessão do autor e que o entretém há muitos anos.

São Francisco Xavier


Poucos de nós saberão mas São Francisco Xavier é o padroeiro de Setúbal desde 1703. Comemora-se agora o Jubileu do seu nascimento. Bom Domingo.

sábado, dezembro 2

Coincidências

Na sexta dia 1 de Dezembro sai no Editorial do Expresso:

“Quem defendeu que a Turquia não deve entrar na EU não foi o Papa foi Ratzinger. Mas quem foi à Turquia e disse que era a favor da entrada daquele país na Europa, foi o Papa. A pessoa é a mesma, mas as responsabilidades são diferentes. Não é uma questão de transcendência. O chefe da Igreja Católica não é um indivíduo, nem é um político, é um representante. Pôde, por isso, dar o dito por não dito com elegância.”

Quase no mesmo sentido do nosso post anterior «Surpreendente» , escrito dois dias antes.

Coincidências…