terça-feira, maio 18

O Balanço de um cota em fim-de-semana Seagull


A festa Seagull Again levantou muitas expectativas. E para quem, como nós, passou muitas noites no saudoso “a coisa” era ainda mais forte. De maneira que vamos tentar descrever de modo objectivo e sem grande envolvimento o acontecimento. Mas registando as diferenças e as semelhanças entre o Seagull de agora e outro assim como as entre nós e o outro que lá ia.


Para começo de conversa isto do Seagull Again (SA) seria para nós, desde o inicio, algo muito diferente do Seagull Before (SB). Passaram desde então alguns anos (mais de dez, iiiiihh). Entretanto casado e com dois filhos (adolescentes) tivemos de começar a programar com muita antecedência o acontecimento, para que tudo batesse certo. Coisa que nos tempos de SB não acontecia. Não preparávamos nada e quase sempre, ir lá parar, era certo.


Assim o nosso primeiro desejo foi levar a família toda. Dia 15 eram os anos da nossa cara-metade e os filhos já estão grandinhos -andam por volta dos treze anos e como foi com essa idade que entrei pela primeira vez naquela capela - tudo parecia bater certo. Mas essa foi a primeira contrariedade. No site do evento dizia que só com mais de 18 podiam entrar, não acreditei. Mas em conversa com o João confirmei que não era permitido (lamentei mais tarde não os ter levado pois vi meninos (as) que pareciam crianças perto dos meus mas quem é cumpridor…) e assim não poderiam ir.


Tínhamos de arranjar um plano B. Começamos a pensar em alugar por lá um apartamento e fazer um fim-de-semana diferente. Mas para dificultar mais as coisas o filho foi convidado para modelo de um desfile de moda da escola a realizar no Largo José Afonso na noite de 15 a que se veio a juntar a informação da irmã que tinha profissão de fé na manhã de 16. A vida de “cota” pai tem destas coisas. O nosso “social” passa a ser garantir o dos filhos. Optamos pelo plano C. Conciliar tudo. O costume.


Dadas as circunstâncias só com barcos garantidos podíamos ir. Mantivemos a esperança e o contacto com o João o que lá nos permitiu concretizar este plano de fazer tudo. Faltava assegurar a salvaguarda do filhos durante essa noite o que os sogros vieram assegurar. A seguir foi comprar os bilhetes e esperar que tudo corresse bem. E correu, mas…

19.30 Jantar de anos com família na Champanheria – perto do L. José Afonso – para podermos assistir a horas ao desfile e ao concerto de música que o filho, entretanto juntou (é o que dá ter artistas em casa), pelas 21.30. Começamos então a apanhar um vento que aquele anfiteatro potencia ao quadrado, durante uma hora e meia. O espectáculo acabou e o grupo de cotas estava entretanto reunido com a intenção de ir curtir para Tróia.


Entretanto, antes do jantar já tínhamos deixado o carro estacionado junto ao barco e comprado os bilhetes para Tróia, antecipando o pior, com cerca de 2000 mil pessoas a passar por ali naquela noite mais valia ser previdente. Não chegou. Às onze e tal chegamos para apanhar o barco e apanhamos a primeira fila da noite. O barco era confortável. Vê-lo cheio de gente bem vestida e bem disposta foi um alento. Ainda por cima a maioria estava já muito para lá da adolescência e ver tanta gente desta no meio da noite deixou-nos entusiasmados. Pensamos nunca ter visto tal coisa entre nós. Fez-nos lembrar Espanha. Onde os cotas não perderam os hábitos de “urbanidade” mesmo à noite.


Mas a urbanidade do SA perdeu-se quando estivemos mais de uma hora ao vento numa fila para nos verem os bilhetes e colocarem umas pulseiras antes de entrar. Foi pior que enfrentar o “Gaio” nos velhos tempos. Pensamos que não havia necessidade. Os bilhetes estavam pagos. Era muita gente, mas isso já se sabia. Era evitável.


Nos acessos ao terceiro piso, fomos de escadas. Foi grande o contraste com o SB. As outras escadas eram para baixo e abertas, estas para cima e fechadas. Nas outras chegava-se do mundo real, vindo de cima, e íamos para o fundo da noite, o espaço “sagrado em baixo. No SA o percurso era inverso. Mas desta vez chegados ao sitio o efeito 5 estrelas não se fez sentir. Foi esta a maior desilusão. O espaço do Seagull era contido (nunca foi uma grande discoteca mesmo depois da ampliação)mesmo familiar. Sabemos que não era possível ser Again como era mas podia estar mais “controlado” e melhor concebido. A marca Seagull para se preservar tem de se manter no que ela tinha de melhor senão perde-se.


O espaço fazia lembrar uma “rave” mas com muito pouca luz. Enorme e sem alma nem carácter. Quase não se via nada. E o ecrã único era muito pequeno e só começou a funcionar muito tarde. Pelo contrário a qualidade do som, surpreendentemente para um espaço daqueles, era muito boa. Só necessitava de estar uns decibéis acima. E a música era a do Seagull. Foi aliás o que nos salvou a noite. Com o grupo que nos acompanhava fez-se uma roda pusemos as malas e casacos no meio (não havia bengaleiro) e dançamos até quase às cinco da manhã, quais indios ao redor da fogueira. Com pausas (enormes) para nos servirmos de bebidas. Os bares funcionaram mal, ou por outra eram insuficientes para os 2500 (pareciam mais?!!!) que lá estavam. Filas sem fim. A circunstância de estar uma noite fria e ventosa também não ajudou ao desfrute da vista na “varanda” exterior à estrutura, mas também nada foi preparado para acolher quem lá fosse. Mas a música salvou-nos. Fomos transportados para o melhor do SB.


O regresso foi sem sobressaltos. Demos um abraço ao Alfredo que por sorte encontra-mos no caminho de saída e seguimos para o barco. As pessoas pareciam felizes. Vimos nascer o dia e fomos ao meio dia assistir à missa da profissão de fé da nossa filha. Estava ainda mais linda do que é costume. O almoço foi em família e a tarde de descanso com a promessa de retorno ao trabalho. Que fim de semana.!!!
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Não queremos terminar este post sem dizer o seguinte. Um aspecto muito positivo de toda esta iniciativa (para nós talvez o mais importante) foi (re)ver toda uma cidade (ou mesmo região) que está “desaparecida” de Setúbal. Apesar de muitos ainda por cá viverem, não existem espaços hoje que congreguem estas gerações que viveram o Seagull. E isso é muito mau para Setúbal, e só por isso este evento foi bom. Parte do sucesso da iniciativa foi esse. Voltarmo-nos a encontrar. Com os de cá e com os de fora. Mesmo aqueles que não se (re)conheciam sentiram esse alento e isso deixou-nos a todos satisfeitos. Vale a pena tentar encontrar mais espaço e tempo para congregar esta gente. Podemos sentir-nos de bem e com orgulho da terra, os de cá e que faça outros de fora terem vontade de virem ter connosco. Apesar do muito que não correu tão bem o SA valeu muito a pena.


Parabéns a todos os que organizaram e a todos os que, como nós só nos limitamos a ir e a apoiar/acreditar na iniciativa. Vale pois a pena tentar outra iniciativa, aprendendo com os erros e melhorando sempre. Ficou provado que também os cotas se querem divertir e estão disponíveis para as coisas boas da vida em Setúbal.


E isso já fez a diferença.

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