As saudades que temos. O Seagull (discoteca) foi, para nós, durante mais de uma década uma espécie de casa da noite. Uma certa parte de nós cresceu lá. Tudo era mágico, pelo menos para o adolescente que éramos na altura.
O caminho era de risco. Não sabemos como não aconteceram mais acidentes mas dizem que Deus protege os audazes. Dizem… O segundo obstáculo era a porta. Até termos adquirido um certo “estatuto” ultrapassar a porta era uma verdadeira dificuldade. Inicialmente o espaço da discoteca era bem pequeno, mas os clientes não eram muitos. Depois o espaço cresceu para mais do dobro mas os noctívagos também. E era obrigatório entrar aos pares e naquela altura as mulheres na noite eram bem mais raras (quem poderia hoje imaginar). Assim havia os que queriam entrar e os que podiam. Apesar do enorme sofrimento que infligiam estes porteiros, o controlo apertado e a distância (em plena Serra da Arrábida longe de tudo) da dita foram uma das razões para a sua tão grande longevidade.
Após entrar, muitas vezes depois de uma longa demora, tudo era compensado. O espaço nada tinha de especial mas a música e a varanda sobre o mar tornavam a “casa” inesquecível. Os olhos de adolescente compunham o resto.
Ainda hoje recordamos com muita saudade toda aquela inebriante experiência sensorial que era ir até ao Seagull. A serra, a varanda com cheiro a mar e a plantas, a música continuam com certeza no imaginário de muitos.