sábado, outubro 29

Temporal em Setúbal

Depois do temporal que deixou Setúbal novamente inundada – o que sempre acontece quando uma grande quantidade de chuva se concentra num pequeno espaço de tempo e com este, coincide a maré-alta – velhos problemas persistem sem novas soluções.

O Vitória de Setúbal está a tentar encontrar uma solução para a sua difícil situação financeira. Esta deriva de uma divida que não tem garantias de ser paga, porque a “garantia de pagamento está posta em causa.

A mudança de estádio para o Vale da Rosa devia estar a acontecer agora mas, como diz o ditado, “o que nasce torto, tarde ou nunca se endireita”. A “utilidade pública” do Plano de Pormenor do Vale da Rosa, dado à pressa eleitoral de 2001, não parece conseguir fazer aprovar o dito “Plano” em Conselho de Ministros.

O que vai fazendo agravar a divida dia a dia, porque o rendimento esperado com a renda do espaço comercial a localizar no actual Estádio do Bonfim, com a mudança para o novo estádio no Vale da Rosa, nunca mais chega.

Interessante é o facto do actual Primeiro Ministro ter sido cúmplice, enquanto Ministro do Ambiente, desta “embrulhada” e actualmente não se dar ao trabalho de a desembrulhar, aprovando o Plano, pois é apenas do Conselho de Ministros que depende a sua aprovação final.

O silêncio da actual Governadora Civil de Setúbal, Arquitecta Teresa Almeida – em 2001 vereadora do Urbanismo na Câmara Municipal de Setúbal – não deixa de ser revelador de que esta embrulhada, parece não ter (bom) fim à vista.

Com esta situação e apesar de sermos críticos em relação a todo este processo – falaremos dele um dia destes – não deixa de ser lamentável ver o VFC nesta situação. Mais um símbolo da cidade arrastado neste temporal.

Com o temporal também fechou, ainda que provisoriamente, uma escola que se tornou definitivamente provisória. A Escola Ana de Castro Osório, na Bela Vista. A sua falta de condições é tão gritante que só vendo. Mas infelizmente a educação dos sem educação parece ficar apenas nas intenções. E no subsídio dado às famílias. E nas instituições que por lá vão ganhando a vida, sem mudar a vida dos que por lá vivem.

Apostar num ensino de qualidade, para além do desmantelamento do “gueto” em que se transformou aquela zona, parecem-nos ser as únicas verdadeiras apostas num futuro diferente para aquelas populações. Mas aquela escola continua a cair, e com ela a esperança numa mudança positiva de vida, por parte dos que a frequentam.

O temporal parece estar a evidenciar alguns aspectos que têm que mudar em Setúbal. Será ele um sinal de boa mudança ou ficará apenas por mais um lamento na boca das suas gentes?

quinta-feira, outubro 27

quarta-feira, outubro 26

Pobres ex-combatentes ou apenas pobres?


O ministro da defesa, Luís Amado, diz não ter dinheiro para pagar a reforma a todos os ex-combatentes do ultramar. A ser verdade, e hoje dizer que o estado não tem dinheiro é uma banalidade que ninguém põe em causa, o ministro devia pura e simplesmente acabar com mais esta “despesa”.

Esta "reforma" criada por Paulo Portas, ainda no governo de Durão Barroso, como uma forma de dignificar estes servos da pátria que não tinham sido justamente tratados por terem estado do lado errado da história. Era a visão dos pobres ex-combatentes. Discutivel mas compreensível.

Estar em desacordo com esta medida ou achar que este dinheiro faz falta para outras prioridades é defensável e até poderá ter apoiantes. Agora prolongar esta dificuldade “orçamental” diminuindo-a e dando-lhe um carácter de rendimento complementar aos ex-combatentes pobres é uma típica resposta socialista. Do tipo “nós somos porreiros mas como não temos dinheiro vamos só ajudar os que mais precisam”. Discutivel e incompreensível.

Então mas esta medida não era uma forma de compensar quem deu o “corpo” aquela causa, honrando a Pátria, com este gesto, o papel que tiveram? Se assim era ou há para todos ou não há para nenhum. Em caso de serviços à Pátria não existem pobres nem ricos. Existem homens ou mulheres que o fizeram.

Ao tornar esta questão num “rendimento mínimo” aos ex-combatentes o governo não resolve nenhum problema e acaba por criar dois:

Primeiro desvirtua o carácter da medida criando uma situação injusta para os que não recebem.

Em segundo vai tornar esta descriminação positiva por serviços prestados, em mais um subsídio complementar de reforma aos pobres que estiveram na “guerra do ultramar” a que dificilmente se conseguirá por cobro.

domingo, outubro 23

Quem o poderá fazer?


António Barreto (AB), hoje no público, escreve "para que serve um Presidente". O Artigo analisa de uma forma clara e sintética as experiências do passado presidencial, no Estado Novo e em Democracia.

È, no entanto, sobre a nossa situação presente que este coloca diversas questões com grande pertinência:

Primeiro coloca como relevante para o nosso futuro próximo esta eleição onde “a verdade é que a sua importância depende exclusivamente do futuro eleito.”Ou seja daquilo que verdadeiramente o próximo presidente vier a fazer.

Segundo que o país necessita de “ver introduzidos na vida pública dois princípios: o da autoridade e o da honestidade”. Se não for de forma livre e democrática, será mais tarde ainda que de outra forma. O próximo presidente pode para isso contribuir.

Terceiro o actual figurino constitucional permite conseguir mudar considerando AB que “discussão sobre os poderes do Presidente continua. Conformada, quase toda a gente aceita que aquele nada pode fazer. É mentira. Se for livre e quiser, o Presidente tem meios ao seu alcance.” Descrevendo de seguida a enorme quantidade de mecanismos disponíveis. Porque nos parece que a discussão da mudança dos poderes só servirá para nada se fazer, julgamos útil não a introduzir no debate, até porque ela só vai servir para tentar “entalar” o candidato melhor colocado.

Sobre tudo isto não podíamos estar mais de acordo. O que faltou dizer foi, quem o poderá fazer? Qual dos candidatos estará disponível para o fazer, face às condições politicas actuais?
E aqui, suspeitamos que, tal como nós, AB também já saiba. Apenas ainda não o quis dizer de forma clara. Ainda...

Rankings escolares 2

Mais uma vez ai estão os Rankings escolares. Cada vez mais "normalizados", felizmente. E como se previa mais um factor a ter em conta, no meio de tantos outros que nos fazem "avaliar uma instituição" neste caso uma escola.
No entanto parece que continuam a existir alguns perigos onde menos se esperavam. Ver aqui o debate em torno desta questão que ,esparamos, não volte para trás.

Maneirismos 8

Lucian Freud

Reflection (self portrait)
1985

quinta-feira, outubro 20

Cavaco Silva

apresentou a sua candidatura. Os próximos meses irão trazer algo de novo? Não sabemos. Mas um discurso pela positiva, sem promessas e cheio de realismo, vindo de alguém com autoridade para o fazer já fazia falta.

quarta-feira, outubro 19

Daciano Costa

Porta da Expo 98

Faleceu hoje o "pai" do Design português, como era chamado. Para além do Design não deixou de ser um artista total. Homem próprio do Renascimento. Da sua própria figura ao discurso era um verdadeiro renascentista.
Representante único de uma geração que ainda pôde trabalhar em quase todas as àreas de criação e do projecto.
Uma grande perda para a cultura portuguesa.

terça-feira, outubro 18

Cidade 1



Cidade, rumor e vaivém sem paz das ruas,
Ó vida suja, hostil, inutilmente gasta,
Saber que existe o mar e as praias nuas,
Montanhas sem nome e planícies mais vastas
Que o mais vasto desejo,
E eu estou em ti fechada e apenas vejo
Os muros e as paredes, e não vejo
Nem o crescer do mar, nem o mudar das luas.
Saber que tomas em ti a minha vida
E que arrastas pela sombra das paredes
A minha alma que fora prometida
Às ondas brancas e às florestas verdes.

Sophia de Mello Breyner Andresen

sábado, outubro 15

Aqui se vê a força do PC!!!!???


Hoje, na sua crónica do Público, Vasco Pulido Valente (VPV) volta a acertar em cheio. Refere-se às dificuldades que os governos democráticos irão ter para governar nos próximos anos e ao aumento eleitoral da força politica que melhor representa esta vontade conservadora de deixar tudo na mesma. Existe hoje em Portugal (tal como na Europa) um problema sério; a “Ingovernabilidade” persistente. Esta decorre do sentimento de insegurança que o "povo", melhor ou pior instalado, vai sentindo de uma forma cada vez mais séria.

O "modelo social europeu" a que se habituou está ameaçado. A vontade de o conservar é muito superior à necessidade e inevitabilidade de o mudar. Guterres sabia disso em 2001 quando se foi embora e Barroso também após as europeias de 2004. Os resultados eleitorais foram um obvio aviso que as medidas difíceis tinham que esperar por melhores dias. Por esta razãoa eleição autárquica a que acabamos de assitir tem, inevitavelmente, uma leitura nacional.

O PCP/CDU foi um dos vencedores desta eleição. Como refere VPV:

A cidade de Setúbal, o exemplo que conhecemos melhor do ponto de vista eleitoral, é para esta análise um observatório previligiado. O PSD foi a segunda força mais votada (pela primeira vez) pelo efeito “Fernando Negrão”, logo a seguir ao PCP. Mas o voto útil do eleitorado tradicional do PS não veio inteiro para o PSD dividiu-se entre este e o PC.

Apesar de sabermos que a Presidência tem sempre um efeito "polarizador" no eleitorado local, o resultado da CDU, perdendo a maioria absoluta, não deixa de ser surpreendente (40%). E podemos garantir que não foi pela "obra" realizada.

Numa cidade com a história de Setúbal, mesmo não gostando do PCP, uma parte do eleitorado do PS prefere o voto "seguro" no Partido Comunista. Sim porque estes, já não sendo perigosos, se tornam na única força que não desilude. Tornando-se, assim e cada vez mais, o único porto seguro.

Voltará o PC a sair da hibernação a que tem estado sujeito? Parece não haver dúvidas que sim.E assim se confirma a velha teoria que o comunismo se "alimenta" da miséria, pois é nela que se torna mais forte. Assim se vê ...

quarta-feira, outubro 12

Os EduKadores

"Os Vossos Dias de Abundância estão contados"

Este segundo filme de Hans Weingartner tem final feliz. Se ainda se acreditar que a felicidade pode ser construída com base em equívocos. Os jovens protagonistas deste filme continuam a acreditar que ao atacar a riqueza e os “ricos” podem contribuir para a diminuição do número pobres.

Este é um equívoco da análise Marxista sobre a realidade que ainda hoje determina muitas das concepções sobre a política e a economia. Como podemos comprovar à saciedade nos países do “leste” europeu, acabar com os ricos só ajudou a criar ainda mais pobres. Todos iguais mas, indiscutivelmente, mais pobres. Ficando apenas a “nomenclatura” partidária com o ónus da desigualdade. Mas esta realidade já todos conhecemos.

Os EduKadores ainda pensam que podem mudar o mundo desta maneira e resolvem “assustar”os ricos alemães mudando-lhes a mobília da casa e deixando frases enigmáticas apelando à sua má consciência “pequeno burguesa”. De uma destas aventuras resulta a necessidade de raptarem o proprietário da casa, um ex-revolucionário de 68 que resolveu fazer pela vida.

No confronto entre as duas gerações o filme trata o tema sem falsos moralismos e sem excessos. Neste aspecto não temos o típico filme “panfletário”. Mas quem tem hoje coragem de o fazer? Nem os nostálgicos da ilusão marxista. Hoje o tema tem de ser tratado com recurso a tons mais suaves, para não assustar. Egoísta versus Altruísta e rico/velho/conservador e cínico versus despojado/jovem/revolucionário e sincero. Coisa quase sem significado hoje em dia. Como refere um dos jovens ao reconhecer a dificuldade de ser revolucionário quando todos os hérois da revolução já estão acessíveis numa qualquer camisola.

Quando é que vamos perceber que a discussão do futuro já não se pode resumir ao problema da riqueza versus pobreza, mas de melhor distribuição e preservação de recursos?
(Rico, num futuro bem mais próximo que possamos imaginar, será aquele que poder beber água de qualidade ou respirar ar não poluído.)

No entanto, o filme não deixa de proporcionar estas e outras reflexões que podem sempre ser positivas e trazer à lembrança para quem andar distraído que atrás de um idealista pode estar escondido um inimigo da liberdade.

A ver, numa destas tardes de chuva…

segunda-feira, outubro 10

Quasi


Um pouco mais de sol - eu era brasa,
Um pouco mais de azul - eu era além
Para atingir, faltou-me um golpe de asa ...
Se ao menos eu permanecesse aquém ...
Assombro ou paz ? Em vão ... Tudo esvaído
Num grande mar enganador d´espuma;
E o grande sonho despertado em bruma,
O grande sonho - ó dor ! - quasi vivido ...
Quasi o amor, quase o triunfo e a chama,
Quasi o princípio e o fim - quasi a expansão ...
Mas na minh´alma tudo se derrama ...
Entanto nada foi só ilusão !
De tudo houve um começo ... e tudo errou ...
- Ai a dor de ser-quasi, dor sem fim ...
Eu falhei-me entre os mais, falhei em mim,
Asa que se elançou mas não voou ...
Momentos de alma que desbaratei ...
Templos aonde nunca pus um altar ...
Rios que perdi sem os levar ao mar ...
Ânsias que foram mas que não fixei ...
Se me vagueio, encontro só indícios ...
Ogivas para o sol - vejo-as cerradas;
E mãos d' heroi, sem fé, acobardadas,
Puseram grades sobre os precipícios ...
Num ímpeto difuso de quebranto,
Tudo encetei e nada possuí ...
Hoje, de mim, só resta o desencanto
Das coisas que beijei mas não vivi ...
Um pouco mais de sol - e fora brasa,
Um pouco mais de azul - e fora além.
Para atingir faltou-me um golpe d´asa ...
Se ao menos eu permanecesse aquém ...

Mário de Sá-Carneiro

Paris 1913 - maio 13

Dedicado às Autárquicas de ontem em Setúbal.

sexta-feira, outubro 7

Razão e Emoção



Entre a dificuldade de vencer, antevista pela racionalidade e a emocionada esperança num futuro melhor para Setúbal, esperamos tranquilamente pelos resultados do próximo domingo.
Voltará Setúbal a ser terra de boa laranja?

Abstenção 2

Vendo e analisando as sondagens e o comentário feito por Oliveira e Costa, agora na SIC dá para perceber que muito ainda está em aberto. A abstenção pode ter efeitos completamente imprevisíveis.

Inversão do ónus da prova

Hoje no Abrupto:

"A inversão do ónus da prova conduziria, num país como Portugal onde a administração pública, incluindo a máquina fiscal e as polícias, estão muito politizadas, à discricionariedade dessa exigência de prova, tornando-a numa arma política que nenhum governo deixaria de usar. Basta só parar para pensar no que já acontece, para se poder antever com elevado grau de certeza a poderosa arma que vai ser colocada ao serviço do abuso dos governos. É muito, muito preocupante."

Concordamos e acrescentamos:

O Presidente da Republica entrou definitivamente no seu pior momento. Devia ficar calado até ao final do seu mandato. Depois de tantos correctivos e puxões de orelhas a governos anteriores, sobre este nada diz ou faz. Pelo contrário resolve, à boa maneira de quem nada consegue resolver, sugerir uma alteração à lei para acabar com a corrupção. Mas não sugere uma alteração no funcionamento do Estado. Não, esse mantêm-se inalterável, a mudança faz-se contra os cidadãos.

Tornar possível a intromissão do Estado na vida dos cidadãos é para além de perigoso absolutamente irresponsável, porque o senhor Presidente não percebeu ainda que quando o Estado é acompanhado pelo mau funcionamento da justiça é absolutamente mais poderoso que os cidadãos. Quem irá proteger o desgraçado? Não podemos permitir que pelo mau funcionamento do Estado e dos diversos “sistemas” se ponha em causa o cidadão e não o mau funcionamento das instituições.

Imaginam quem iriam ser os primeiros beneficiários desta inversão do ónus da prova ? Não seria ninguém conhecido de certeza, a não ser que começassem por algum Isaltino ou por alguma Fátima, pessoas em posição fácil para se tornarem bodes expiatórios, para que outros ali ganhassem as câmaras tranquilamente.

Sim porque alguns dirigentes partidários até já se manifestam contra as candidaturas independentes – protagonizadas por esses chatos que quando deixam de dar jeito insistem em se manter candidatos – depois de todos os partidos terem apoiado esta iniciativa em prol da abertura à sociedade. Pois a abertura tem destas coisas. Principalmente quando essas pessoas têm, ou tiveram, a cobertura do sistema partidário e depois beneficiam do mau funcionamento da justiça.

O problema aqui não é a democracia, que com todos os defeitos é o único sistema auto-correctivo, mas o mau funcionamento da justiça.

Abrir esta “Caixa de Pandora” só serve para aliviar a má consciência de quem se sente impotente para resolver o que está ao seu alcance, fazendo de conta que não.

quinta-feira, outubro 6

Abstenção

Continuamos com a sensação que a abstenção vai crescer bastante neste acto eleitoral, em relação a 2001. A maioria da população não quer sequer ouvir falar de politica. Os sem partido que se “obrigarem” a ir votar no próximo Domingo farão, muitos deles, a escolha em cima do boletim de voto. Esta circunstância torna este acto eleitoral relativamente imprevisível na sua leitura nacional, mas com poucas mudanças ao nível da liderança dos concelhos.

terça-feira, outubro 4

Maneirismos 3



Paula Rego

The Dance

1988

Dancemos então. Não com o eclipse, mas ao luar...

Boa Dr. Jorge Miranda

Veio colocar agora em directo no Prós e Contras a pergunta certa. Querem os juízes ser órgãos de soberania, como lhe confere actualmente a Constituição Portuguesa, ou querem voltar a ser meros funcionários como a constituição de 1933 (que criou o Estado Novo) lhes propunha?
Actualmente nada parece ser feito com bom senso. E não me digam que estas coisas acontecem pela pouca educação do povo, porque os nossos Juízes são até muito bem-educados. O problema é que o bom senso e o sentido de serviço público não se aprendem na escola.

domingo, outubro 2

A Leste do Paraíso


A não perder a homenagem que hoje a RTP 1 pelas 21.30 h, faz a James Dean. Obrigado pelo "lembrete" cara Sulista.

Atentado em Bali

Será que Bush é Indonésio ?
Como explicam os "anti- americanos" que num país fundamentalmente mulçumano isto também aconteça? É este terrorismo contra o "império Americano"? Ou será apenas um projecto político global e apocalíptico ? A grelha Marxista está longe de conseguir explicar tudo, não é?

Maneirismos 1


El Greco

Baptismo de Cristo
1608-14


O mês de Outubro é dedicado à pintura e aos pintores “maneiristas”. Não encaramos o termo do ponto de vista cronológico - período maneirista no século XVI - mas no sentido do feito à maneira de, onde se acentua a carga emocional do corpo humano, da cor, da forma e da composição geral do quadro.

Começamos com El Greco. Um dos maiores.

sábado, outubro 1

Direito de resposta

Os meus caros amigos Ruvasa e Sulista - post da Sulista "A abstenção e o Voto em Branco...(republicado)" nos comentários - levantaram duas questões, que apesar de ligadas nos parecem distintas: A “corrupção e falsidade” e as “falsas promessas” da classe política.

Relativamente à primeira não pensamos que a classe política tenha o monopólio da "corrupção e da falsidade". Muita dela cabe nesta categoria, é verdade, mas infelizmente em muitos outros aspectos da vida portuguesa isso também acontece. Aquilo que observamos nos diversos “palcos” em que nos movimentamos não é muito melhor ou muito pior é até muito semelhante. Os valores de “sucesso” na nossa sociedade são muito – esses sim – generalizáveis. O indivíduo de sucesso é o que conseguiu "chegar lá", aquele "lugar" importante onde tem o carro X e lhe permite adquirir Y e ser, supostamente um individuo importante. Não interessando nada o que fez para o conseguir, ou qual o seu verdadeiro mérito.

A degradação dos valores é de tal ordem que poderemos vê-la muito bem retratada nestas eleições autárquicas. Os novos autarcas independentes – Isaltino, Felgueiras, etc – vão provavelmente ganhar nos seus concelhos. Porque o povo também já não acredita em “gente séria”, acredita, isso sim que todos os políticos são “iguais” – dai o problema da generalização - mas aqueles ao menos resolvem os seus problemas. E não nos venham com a conversa do povo “atrasado e inculto”, que em Oeiras essa é difícil de ser verificada, pois é o concelho com maior número de licenciados do país. E muitos desses também pensam votar Isaltino. Os valores éticos e morais não dependem do grau de escolaridade.

Outro aspecto diferente é a “falsa promessa”. Também pensamos que a relação entre eleitores e eleitos está deteriorada, mas não sabemos quem terá mais responsabilidades. E passo a explicar. Por exemplo Sócrates ganhou porque prometeu aquilo que o povo queria ouvir, sabendo que não podia fazer o que prometia. Mas assim, como prova o seu resultado nas últimas legislativas, conseguiu a maioria absoluta, mentindo.

Porquê? Não foi por gostar de ser enganado. Não. Foi porque o “povo” não está interessado em mudar de vida. (E o pior é que querendo ou não vai ter mesmo de o fazer) E votará em qualquer um que lhe prometa, não o céu, porque isso já ninguém acredita, manter o modo de vida a que está habituado.

No nosso entender era fundamental dizer a verdade e só a verdade só que - tememos - muita pouca gente estaria disponível para a ouvir. Talvez só batendo mesmo no fundo, o que parece ainda não ter acontecido. Vamos esperar pelos indicadores e resultados que estão par vir no fim do ano… A realidade é sempre o melhor remédio. Mas como já escrevemos antes nesta história não há inocentes.