segunda-feira, setembro 29

Luz ...ao fundo do túnel



[__da presença invisível__]

bruno silva

2008

Tina Turner


Segundo parece após 8 anos de retiro a “grande senhora” da Pop está de volta. Sim parece estar disposta a fazer mais uma digressão mundial. Com 68 anos, a fazer 69 em 26 de Dezembro, Tina parece disposta a não se retirar.

Estamos a entrar numa outra era. Madonna, que passou recentemente por Portugal, com os seus 50 anos (uma criança comparada com Tina) e agora Tina Turner, estão a abrir uma nova vaga, uma nova relação com a idade. Parecem querer provar que a longevidade que adquirimos a cada dia que passa, deve ser aproveitada e bem vivida.


O mundo da Pop, tradicionalmente juvenil, parece estar a “envelhecer”. O mito da juventude (live fast and die young) está a ser trocado pelo da eterna juventude, onde os “cotas” não querem deixar de estar na moda. Assumindo, com alguns remendos claro está, a sua vocação de estrelas até muito mais tarde. Estes são, indiscutivelmente, sinais dos (novos) tempos.


Tina Turner e Beyonce actuando as duas no último Grammy Awords (2008). A sua última aparição.

quinta-feira, setembro 25

A propósito de consumos



Podemos olhar de muitas maneiras para esta realidade. Mas não deixa de nos levar a pensar que algo de "errado" se passa. Dados de 2006, divulgados recentemente, dizem que os portugueses consomem cada vez mais anti-depressivos e ansiolíticos. Parece que o valor é bem superior à média europeia, que se fica por 1/3 do que consumimos neste tipo de medicamentos.

Relacionou-se estes números com a possível “depressão” dos portugueses. Não sabemos se estaremos mais deprimidos que os outros povos da Europa, mas algo levará a esta diferença.

Não deixa de ser de assinalar ser no Alentejo e região centro, as áreas do país mais envelhecidas, as que maiores percentagens de consumo verificam.

A ausência de qualidade de vida, a falta de perspectivas e as dificuldades sentidas numa vida quotidiana cada vez mais difícil deverão ter algum peso nesta apetência para recorrer de forma tão sistemática a este recurso para aliviar a existência, mas será só?

Antigamente tínhamos o álcool que “resolvia” boa parte das nossas tristezas e incapacidades. Para além de “alimentar” muitos portugueses. Hoje, parece estar o consumo de vinho a descer… E no resto, o que mudou?

A propósito deste facto lembrámo-nos de um artigo de Miguel Esteves Cardoso escrito há muitos anos, numa rubrica do Expresso, “O Problema do Álcool” e no meio de um elogio a Baco e ao seu néctar dizia assim:

«Os comprimidos são para as matronas inglesas à beira do suicídio e do supermercado. Português é o vinho e todos os seus derivados

Isto foi escrito no final dos anos 80. Parece que afinal estamos mesmo diferentes. A taberna parece ter sido substituída pela farmácia. Sendo, aparentemente mais higiénico, que diferenças mais poderemos assinalar? Apesar de algumas mudanças de consumo, as nossas tristezas e incapacidades continuam. Essas, parecem estar para ficar…Mas era sobre elas que deviamos pensar e, acima de tudo, agir.



segunda-feira, setembro 22

Equinócio

. . . t o u c h . . .

Bruno Abreu

2007

Hoje o dia vai durar exactamente o mesmo que a noite. Estamos no Outono, a nossa estação preferida.

quinta-feira, setembro 18

O efeito dominó

Hoje em dia o poder do “discurso económico” como explicação do mundo é quase unânime. A sua linguagem domina, mesmo, o discurso político e jornalístico. Mas essa supremacia da interpretação e, por consequência, da operacionalidade de todas as dimensões da vida pode não durar muito mais tempo.

O fracasso do “económico” poderá estar para breve. A crise do subprime, conforme ficou conhecida, parece começar por demonstrar, à escala mundial, aquilo que, aqui e ali, ia surgindo um pouco por todo o lado: a ilusão em que assenta boa parte do discurso económico contemporâneo.

A maior parte das instituições económicas, assim como as suas entidades reguladoras são tão, ou mais falíveis, que qualquer outra. Verifica-se que por detrás desse discurso está a necessidade de criar ou manter ilusões, que na maior parte das vezes se transformam em desilusões. Como está a acontecer actualmente.

A visão do curto prazo e a dificuldade de controlar produtos financeiros cada vez mais elaborados colocam os accionistas muito dependentes das administrações das empresas. O desejo, por parte dos accionistas para ganhar dinheiro rápido, coloca aos administradores a responsabilidade de apresentar resultados imediatos. Em muitas destas instituições financeiras o escrutínio das contas é trimestral. Para terem sempre resultados, as administrações, recorrem a estratégias arriscadas mas onde o risco é colocado num futuro o mais longínquo possível. Mas o futuro acaba sempre por chegar. Esse futuro está agora bem presente. O efeito dominó ainda está longe de ter acabado, mas parece já não se poder fingir mais (a não ser o nosso ministro da economia para quem esta é uma realidade ainda longínqua)

Supomos que para muitos desses administradores, pagos principescamente, com salários auto-consignados, não estarão, agora a ser responsabilizados pelas “óptimas” opções tomadas. A grande responsabilidade do cargo é um dos argumentos utilizados, pelos próprios, como justificação desses mesmos ordenados.

Mas quem vai pagar esta irresponsabilidade? Todos nós. Quer através dos impostos, pois são os Estados que acodem aos “efeitos colaterais” da crise (sobre as instituições e as pessoas afectadas) quer através do aumento do preço do dinheiro, com a subida das taxas de juro. Para não falar do desemprego e da perda de poder económico, pela redução dos salários e/ou aumento da inflação.

O mercado e a política têm de arranjar maneira de responsabilizar quem toma as más decisões. É óbvio que a vida económica e financeira tem sempre riscos, mas o princípio de, a maiores benefícios correspondem maiores responsabilidades, deve ser acautelado. Deverão por isso ser os que lideram esses processos os mais penalizados. E hoje em dia isso não está a acontecer. Quando se verificar, talvez, o “ilusionismo” que é hoje, boa parte do discurso económico, passe a ser mais realista. E a supremacia do "económico" passe a ser relativizada.

domingo, setembro 14

Madonna Mia


Hoje é o dia da sua aparição em Portugal do maior ícone profano vivo da nossa contemporaneidade.

sexta-feira, setembro 12

Quem não se lembra destes rapazes?



Os Bonanza.
Foi uma das séries mais marcantes da nossa primeira infância.Parece que teve início em 12 de Setembro de 1959 e que durou até 1973. Altura, esta, que começa ser transmitida em Portugal.

Cidades

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Pedro Brazão Pires

2008

Crise?!!!

Morreram mais mil pessoas do que aquelas que nasceram em Portugal. Pela primeira vez (102 492 nados vivos contra 103 512 óbitos: INE, 2007).


Pela primeira vez, na nossa história recente, o saldo natural foi negativo. Ou seja morreram mais pessoas do que nasceram. A última vez que aconteceu foi em 1918, fruto da 1ºGuerra Mundial em que participámos e da gripe “pneumónica” , que matou muita gente ( estimam-se cerca de 60.474 mortos).


Esta é a nossa maior crise. Quando o ser humano deixa de sentir o apelo pela prolongamento da espécie é sinal que perdeu por completo a esperança. Deixou de acreditar. Não há nada que inspire mais confiança que o sorriso de uma criança. Quando deixamos de sentir isso, pouco mais resta.


terça-feira, setembro 9

Ups...


Afinal, soubemos entretanto, as nacionalizações não acontecem só em períodos revolucionários e não só promovidas por regimes de esquerda. Não. As nacionalizações passaram a ser quando o homem quiser. Ou melhor quando muitos homens com muito dinheiro quiserem.

Vem isto a propósito da recente nacionalização do Fannie Mae e o Freddie Mac, instituições financeiras responsáveis pela grande maioria do crédito imobiliário norte-americano. Ironia das ironias é realizada no final de mandato de uma das Administrações Americanas mais conservadoras e, pasme-se “Neo-liberal” de sempre.

O Estado vai ser encarado com outros olhos a partir de agora. Afinal não são só os pobres e os remediados a necessitar dele quando se encontram em dificuldades, os ricos também precisam.

Definitivamente as velhas dicotomias esquerda/direita estão caducas. O mundo já não se compadece com estas velhas grelhas interpretativas. A realidade está infinitamente mais complexa.

...guia-me...

Ricardo Costa TattooDevil

2008

quinta-feira, setembro 4

A mulher de que se fala





Não temos por hábito comentar as eleições Americanas. Mas o facto é que as acompanhamos com muito interesse. Estas eleições pelo seu impacto no mundo, especialmente no mundo comunicacional, acabam por tornar todos as pessoas informadas um pouco norte-americanas.

Longe de ser um “especialista” na matéria, o que quer que isso seja, e de não conhecer Sarah Palin, como praticamente ninguém para além dos habitantes do Alasca, Estado onde é Governadora, gostariamos de reflectir o seguinte sobre a sua aparição e as respectivas reacções provocadas.

Para simplificarmos um pouco transcrevemos uma breve biografia de Palin tirada do P2 (do Público) para sabermos o que é dito na imprensa, nacional e internacional, sobre esta senhora:

«Palin, 44 anos, é mãe de cinco filhos, o último dos quais não tem ainda cinco meses e nasceu com síndroma de Down. Até há seis anos, era presidente de câmara de Wasilla, uma cidadezinha de sete mil habitantes no longínquo Alasca (separado dos Estados Unidos pelo Canadá, tão longínquo que um americano da Costa Leste voa mais depressa para a Europa) que alguém descreveu como "a região mais irredutivelmente conservadora do estado". Há dois anos tornou-se a primeira mulher governadora do Alasca e a mais nova de sempre a assumir o cargo. Construiu uma reputação de reformista e justiceira, denunciando o tráfico de influências local (expondo, até, companheiros de partido) e cortando em despesas consideradas supérfluas - uma das suas primeiras medidas foi vender o jacto do governador no eBay, segundo a revista Newsweek.
Quase tudo na sua biografia parece o sonho imaculado de um conservador, como se tivesse sido preparado por casting: ex-miss beleza local, casada com o namorado de liceu, um sindicalista campeão de corridas de trenós motorizados, mãe de grande família, incluindo um filho militar que parte para o Iraque dia 11 de Setembro, Cristã fervorosa, pró-armas e anti-aborto


Acrescentamos a tudo isto o facto da «sua filha Bristol, de 17 anos, estar grávida de cinco meses» e a família ter assumido isso e ter incentivado a filha a levar a sua gravidez adiante.


Isto é o que se sabe e é isto que divide o eleitorado norte-americano e os comentadores de todo o mundo, especialmente os europeus.

Sabemos que tudo o que esta pequena biografia representa é muito pouco apelativo para a “cultura do tempo” mas o que ainda deixa mais indignadas a generalidade das pessoas é a coerência entre os valores e o modo como estes são vividos. E passamos a explicar.

Palin é mulher. Bonita. Ex miss da sua terra natal. Cristã Evangélica convicta. Casada há muitos anos com o mesmo homem. Mas apesar disto constrói uma carreira autónoma e mais relevante, acumulando com esta a vida familiar. É Mãe, não de um mas de cinco filhos, o mais novo com síndroma de Down. Que permitiu que nascesse, pois é convictamente contra o aborto. Por esta última razão apoiou a filha a assumir a gravidez, apesar dos seus 17 anos e de ainda não ser casada com o namorado, pai da criança.

É por tudo isto que a senhora divide, os eleitores e os comentares dos dois lados do Atlântico. Ela parece fazer aquilo em que acredita. Com certeza com erros. Como todos nós. Mas luta e dá a cara pelo que faz. E tenta concretizar e viver em coerência com os seus valores. O que terá isto de mal?

O mal é ter coragem de acreditar e esforçar-se por viver em conformidade com isso. Sabemos ser esta realidade, muito difícil de aceitar por muitos de nós. Os que não acreditam em nada por defesa ou desistência ou os que pensam que acreditar, e viver nessa medida, é promover uma espécie de suposta perfeição, pouco desejável. Não é. É apenas tentar lutar, com coragem e convicção, por aquilo em que se acredita. Isso hoje parece ser muito mal visto. Está fora de moda.

Parece ser pouco moderno, pois não é suficientemente flexível para acompanhar as últimas tendências do mercado seja ele: eleitoral, económico, social, ou outro qualquer. É bem mais confortável, pelo menos aparentemente, andar ao sabor do vento e esperar que quem não o faça acabe por partir, pela sua falta de flexibilidade. Que, hoje, não é mais do que andar apenas á procura de comprar aquilo que nos querem vender.

Esta escolha de MaCain veio, por tudo isto, tornar esta campanha mais interessante. Não por Sarah Palin ser um modelo, ou uma espécie de santa, que não será de certeza, mas por ajudar a colocar de forma clara e, lado a lado, duas novas esperanças para se enfrentar o futuro. Obama deixou de beneficiar em exclusivo do seu poder de “novidade”. A Esperança já não mora só ai.


Esperemos que a senhora tenha a fibra que parece ter e tal como Obama, para além da novidade e esperança, traga políticas coerentes e claras à campanha mais acompanhada do mundo.

segunda-feira, setembro 1

Fim do Verão



Deliciosa Quietude
Raul Alexandre
2008


Já cheira a fim. Para já foram as férias, mas já se presente a nova estação. Estaremos enganados, ou será apenas desejo de mudança?...