Desde há muito que desconfiamos da crença no “progresso”. Esta ideia definida pelo historiador Sidney Pollard como “ a presunção de que existe um padrão na história da Humanidade…que consiste em alterações irreversíveis numa única direcção, e que essa direcção é para melhor” parece-nos, desde que ultrapassámos a idade dos porquês da história, sem aderência à analise do percurso da nossa espécie ao longo dos milénios.
Ronald Wright - um historiador e romancista inglês, formado em Cambridge e actualmente a viver no Canadá – dá-nos razões de sobra para fundamentar-mos esta nossa descrença no “progresso”. Tentando responder a três questões de sempre do ser humano, coloca-as na boca de Gauguin – sim o pintor – de forma a melhor ilustrar o quadro do desenvolvimento de diversas civilizações.
De onde vimos?
Quem somos?
Para onde vamos?
Ao longo de 134 páginas tenta responder de uma forma simples mas alargada às duas primeiras questões para tentar enquadrar a última delas. Faz uma descrição da nossa “evolução” e analisa as diversas civilizações do passado relacionando o seu declínio com o esgotamento da sua “sustentabilidade”. Ou se quiserem quando o “pé” da civilização se tornou maior que a sua “pegada ecológica” levando-a ao declínio ou mesmo extinção.
A tese é simples: Conterão as civilizações, em si, o gérmen da sua própria destruição?
Wright apresenta-nos diversos casos em que assim foi no passado assim como outros em que assim não aconteceu, desmistificando a ideia de que a “pulsão auto-destrutiva” é um fenómeno contemporâneo. Mas avisa-nos que actualmente temos dois problemas mais difíceis de resolver: Temos uma civilização global, ou seja não temos para onde fugir (só o espaço, dirão alguns) e possuímos tecnologia de destruição massiva (nuclear), o que recomenda mais prudência e contenção ao pendor suicidário que parece caracterizar todas as civilizações.
A não deixar de ler.
"Breve História do Progresso" editado pela Dom Quixote.
2 comentários:
Como diria Manuel Joaquim Gandra, ilustre professor do IADE:
«A história tem ganho em tecnologia, mas perdido em conhecimento».
Ora aí está uma grande verdade que a todos deveria ser alvo de reflexão. Principalmente quando hoje em dia se fala tanto em educação e sistema de ensino, seria bom que os verdadeiros responsaveis (pedagogos e afins e "a outra tralha discursiva que encobre tantas vezes o vazio", tal como afirma José Lúcio nas suas divagações sobre o livro "Eduquês" de Nuno Crato) não se transmutassem agora e "madames sérias", para não dizer outra coisa...
É uma verdade que o fim do "conhecimento" será o principal alicerce destruido de qualquer sociedade.
Rui Silva
Viva Rui.
Vejo que as férias te estão a fazer bem.
Um abraço. E volta sempre.
Enviar um comentário