Estávamos no início do século (ano 2000) e corria o primeiro Plano de Pormenor (APSS/Atelier Risco, 1997) para a revalorização e requalificação da zona ribeirinha de Setúbal. O objetivo da parte da Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra (APSS) para esta zona ribeirinha era tornar acessível ao público a doca do Clube Naval Setubalense (CNS), desviando o estacionamento das embarcações para a nascente do rio Sado em espaço a destinar e, com isso "ajudar" o clube auto-sustentar-se através de uma rentabilização do seu imobiliário, como era tão ao jeito da época. Lembro que nesta fase as piscinas da Palmeiras ainda estavam em construção e não era líquido que fossem concessionadas ao CNS, como veio a acontecer mais tarde.
1- Vista da Avenida Jaime Rebelo de nascente para poente (mantendo os edifícios que caracterizam a imagem do Naval).
2- Vista da Avenida Jaime Rebelo de poente para nascente onde se modificava a volumetria do "barraco" ainda hoje existente, dando-lhe uma configuração de navio.
O conceito da intervenção era simples. A ideia era a de um barco na doca à espera de ser largado no rio Sado. Como se estivesse em construção ou em reparação. Imagem comum à história da cidade com a rio.
Do ponto de vista espacial organizava-se em torno de duas praças. Uma de nível que se relacionava com o plano de água e outra que se sobre-elevava em direção à avenida e à cidade. Estas pretendiam recriar a dimensão urbana que a escala do centro histórico proporciona, tornando a intervenção num pedaço de cidade. Permitindo acesso público a vários espaços com uma situação privilegiada, valorizando o imobiliário associado.
Funcionalmente pretendia-se ganhar área de construção, onde, para além das instalações necessárias ao CNS, se reservava espaço para o Clube de Canoagem, para lojas e escritórios que poderiam gerar uma renda que permitisse mais uma fonte de rendimento ao clube.
3- Vista aérea da proposta
4- Planta de implantação da proposta do novo "Naval" no plano de pormenor proposto pelo Risco (Arq. Manuel Salgado), onde o edificado devia alinhar perpendicularmente em relação ao rio Sado.
Rio Sado
4- Planta, corte e alçados à escala.
Entretanto passaram treze anos e apesar de muito ter sido feito na zona ribeirinha esta ainda continua a ser uma oportunidade perdida. No essencial este pré-projeto continua atual e possível. Basta querer ganhar o futuro e tornar o a cidade e o CNS no motor das atividades náuticas na região de Setúbal/Alentejo/Lisboa.
A marca do projeto foi:
Paulo Pisco
Fátima Pereira &
Rui Tapadinhas (Arquitetos)
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