Dia 4 de Março no Setubalense
A cidade e a
região de Setúbal têm um reconhecido “potencial” que todos ouvimos falar há décadas.
Mas este reclama ser concretizado. Muitas são as formas de o conseguir. Gostaríamos,
aqui, de nos focar numa que nos parece estratégica para o tornar real.
Os indicadores da
região apresentam-nos duas realidades aparentemente contraditórias: estando
instaladas no território algumas das maiores empresas nacionais o rendimento per capita apresenta-se como o mais baixo
da Área Metropolitana de Lisboa (AML). Como explicar isto e como o poderemos
transformar?
Percebemos, se
olharmos para a história, que as vagas
de industrialização aqui registadas fixaram muito gente à região, apostando em
mão-de-obra intensiva pouco qualificada e de baixo custo. Essa realidade é
ainda responsável pelo tecido económico e social hoje existente. A economia regional está
assente em Industrias de grande dimensão que coexistem com um fragmentado tecido
empresarial constituído essencialmente por pequenas empresas, sendo poucas de
média dimensão. A baixa escolarização e qualificação profissional têm repercussão
social, refletindo-se nos baixos salários e numa taxa de desemprego mais
elevada que a média do país e mesmo que da AML.
No entanto registam-se
sinais animadores, pois a última crise sentida a partir de 2008 foi, para a
região e cidade de Setúbal, menos violenta que a registada nos anos 80.
Resistindo a economia melhor agora que então. Verificando-se um crescimento de alguns sectores e empresas
resultante de uma adaptação positiva à exposição concorrencial na economia
global. Mas, apesar disso, continua este território a ter um comportamento dual
nos indicadores atrás referidos: Porquê?
No nosso entender,
as baixas qualificações da população e a ausência de fixação de quadros médios
e superiores à região produzida pelo tecido empresarial atual e pela
inexistência de ensino superior de dimensão e qualidade nacional e internacional na região (apesar do IPS e do
polo da U. Nova na Caparica), ajudam a explicar uma parte do problema. A inexistência
de um conjunto de industrias e empresas de dimensão média que incorporem novos
saberes e quadros mais qualificados, permitem compreender a outra. Estas duas
realidades têm dificultado o
desenvolvimento regional. Não são as regiões essencialmente a expressão das qualidades dos seus
habitantes, empresas e instituições?
Assim, parece-nos
indispensável fomentar o aumento da qualificação das pessoas e da capacitação
das empresas e instituições para internacionalizar a economia e o território
por forma a fixar (ou não deixar partir) uma população e um tecido empresarial
mais competitivo, criativo e rico.
Por fim, atrevemo-nos
a lançar o desafio para se incorporar I&D através da desejada ligação entre
o ensino, a investigação e as empresas, para que desta forma, a economia
regional cresça. Só assim as pessoas qualificadas podem continuar a viver os
seus sonhos em Setúbal e, dessa forma, concretizar (finalmente) o seu “potencial”.