segunda-feira, abril 27

Solidão observada ou vivida?..


Na marcha da solidão

Patricia Cohen

2008


A solidão é um “estado de espírito”, mais do que uma realidade. Fazendo parte da natureza humana é essencial ao crescimento e amadurecimento individual. Boa para a produção intelectual e artística. Boa para o espírito. Mas nem sempre é virtuosa. A solidão indesejada não é um a bênção, pode até revelar-se um tormento.

Esta foto revela uma solidão algo ambígua e por isso é tão interessante e ilustra tão bem o próprio conceito. Para quem vê projecta uma bela imagem, mas ao longe sem se ver o rosto da personagem, sem lhe fazermos perguntas, sem nos determos com o outro. Pode ser desejada ou indesejada, observada ou vivida mas faz parte, sem dúvida nenhuma, da nossa caminhada.

quinta-feira, abril 23

Homenagem ao livro

O livro, cada vez mais vendido e cada vez menos lido tem hoje o seu dia. Fazem parte dos objectos do quotidiano, mas sabemos, até por isso, que é cada vez mais difícil ler. Mas pelo gosto vale a pena cultivar esse prazer.

Palavras Sábias


"A experiência é o nome que damos aos nossos erros."


Oscar Wilde

domingo, abril 19

Frank Lloyd Wright 2

A Robie House de FLW (1906-1909) foi o expoente máximo daquilo que se convencionou a “Prairie Houses” (casas da pradaria), baseada na paisagem característica do Midwest, nos arredores de Chicago. A harmonização com o lugar ou contexto foi sempre uma das preocupações deste arquitecto. A valorização e aproximação do meio natural através da arquitectura eram uma forma de transcendência espiritual e mesmo física.



As silhuetas amplas, as proporções baixas, o embasamento saliente, o jogo de planos e os telhados com declive suave eram uma forma de acentuar a silhueta horizontal das casas. Este foi o seu primeiro período de glória. Outros se lhe seguiriam.




No entanto, não só no exterior há novidade. O interior também se vai alterar sendo a Robie House exemplo maduro dessa mudança. Os espaços abertos e fluidos, sem necessidade de fechar, sendo as separações produzidas por “truques” arquitectónicos iniciam o que se viria a chamar a “destruição da caixa” que marcava a arquitectura ate então. A utilização do tijolo, da madeira e do vidro, tudo trabalhado numa cultura material ainda muito artesanal mas aprimorado pelo desenho de Wright caracterizam a linguagem arquitectónica deste autor. Este e´ dos seus exemplos maiores, uma das suas várias obras de arte.





quinta-feira, abril 9

Frank Lloyd Wright




Se ainda acreditássemos em Heróis Frank Lloyd Wright seria, para nós, um dos nossos maiores. Neste caso no âmbito da arquitectura e de uma certa forma até do urbanismo, porque Wright também reflectiu uma forma crítica, criativa e num certo sentido visionária, sobre o fenómeno urbano, apesar de ter tido menos relevância no debate disciplinar. Por razões relacionadas com o curso da história, mas que podem hoje ser revisitadas. Broadacre City, pensamos, será olhado com renovada atenção nos próximos anos. As cidades estão a evoluir para cidades território, mesmo as europeias o que conjuntamente com as questões da sustentabilidade vão obrigar a repensar as dicotomias: urbano/rural, “natural”/artificial, etc.





Mas do ponto de vista arquitectónico FLW foi e é considerado um dos grandes arquitectos que marcaram o século XX. E um dos que melhor articulou a ruptura do modernismo com os valores da natureza. A sua inspiração não foi o paradigma industrial mas as potencialidades que a técnica construtiva colocou à criatividade num mundo necessariamente novo, sem ter de ser mecânico. Nesse sentido este arquitecto sempre se adaptou mal ao mundo industrial e colectivista, encarnando uma visão mais humanista e até individualista do homem moderno. Mais Americano do que Europeu no contexto da trajectória do século XX. Apesar de ter sido muito apreciado também na Europa.





Outro aspecto que nos parece relevante é o facto de se reinventar continuamente. Quem o faz está mais sujeito ao erro e ao engano. Mas apesar disso a sua obra revelasse quase sempre de uma enorme criatividade e muitas vezes genial. Mas a sua criatividade não se deixou fechar nas armadilhas da linguagem saltando em frente quando algo de novo se tornava importante. Apesar de ter sido uma das primeiras estrelas da arquitectura, no sentido contemporâneo nunca deixou que isso o tornasse prisioneiro da sua imagem.


Vamos por isso dedicar este mês a este arquitecto a propósito dos 50 anos da sua morte.