domingo, março 7

Joana Vasconcelos



Fomos ontem ver a sua exposição. O CCB transbordava de vida. De gente. De todas as idades. Portugueses e estrangeiros. Belém era o centro da cidade. Este ambiente formava um enquadramento verdadeiramente cosmopolita que envolve como uma áurea a obra de Joana Vasconcelos. Uma artista grande que pensa grande. Rara entre nós portanto.

E o que tem Joana. Ela é, em nossa opinião, a primeira artista portuguesa verdadeiramente Pop. Sendo também muito conceptual. De uma forma muito sintética ela retira de escala objectos dando-lhe outro significado, mas utilizando elementos da nossa cultura popular, jogando conceptualmente com paradoxos nossos, mas tornando-os universais. E por isso consegue ser entendida em todo o mundo. Apesar de ser muito “portuguesa” não só na materialidade mas também na forma como constrói a suas narrativas. Como olha o mundo.

Só a nossa cultura popular é verdadeiramente interessante. A nossa cultura erudita, quase sempre menor, foi na sua maioria copiada sem rasgo do que vinha de fora. A expressão popular acaba por ser mais original e diversa. Joana Vasconcelos pega nessa forma de expressão e na sua materialidade e torna-a universal. Utilizando para isso muitos dos mecanismos utilizados pela Pop Art. Mas menos em torno de objectos de consumo e mais em torno de materiais e técnicas artesanais. Muito nosso, que nunca nos vergámos ao mundo industrial preferindo sempre o arranjinho doméstico. Mesmo entre objectos produzidos em série. Tudo isto está na obra de Joana. Um dos mais interessantes olhares contemporâneos sobre a nossa cultura.

A não perder.








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