terça-feira, abril 27

Da Turquia





Estivemos nos últimos 15 dias na Turquia num ERASMUS INTENSIVE PROGRAMME:

European Built and Human Environment Master Class - E-BuHu-MC II 2010 - coordinate by University of Salford (UK) and hosted by University of Sakarya (Turkey), in Istanbul & Sakarya from April 8th to April 22nd 2010.

Onde o Instituto Superior Técnico também participou com uma delegação de professores e postgraduate considerável. Foi uma experiência notável sobre todos os pontos de vista. Não é que tenha sido perfeito mas foi daquelas situações onde até os aspectos menos positivos foram importantes no processo.


A coordenação é de Salford e a sua delegação de Ingleses só tinha os professores, o resto era gente de todo o mundo com forte representação de muçulmanos o que nos permitiu ter como amigos pessoas que rezavam 5 vezes por dia e um mundo e uma cultura bem diferentes da nossa. Incluindo na sua delegação também turcos, para além dos que participaram pela Universidade de Sakarya. Com a delegação espanhola vieram também vários participantes da América do sul. Do resto da Europa tivemos Checos, Irlandeses, Espanhóis e uma holandesa.


Mas foi notável como toda esta gente trabalhou e se divertiu com uma naturalidade impressionante. A humanidade está mais próxima do que possamos inicialmente pensar.


O projecto do workshop era criar uma alternativa ao Bósforo, que cria-se um segundo canal entre o Mar de Marmara (liga com o Mediterrâneo) e o Mar Negro que possui uma série de países (Balcãs) entre os quais a Rússia. A alternativa seria em território Turco mas com uma dimensão internacional e simultaneamente local muito interessante. Para resolver tudo isto tínhamos as mais diversas formações técnicas mas onde as áreas de gestão e engenharias eram dominantes. O objectivo era criar uma estratégia de implementação de um projecto que fosse concretizável e fazível. Das questões políticas às de concretização técnica. Para o fazer criaram-se grupos com diferentes nacionalidades e Backgrounds. Ao longo dos dias íamos tendo MasterClasses que nos ajudavam a desenvolver as diversas fases do projecto. Interessante, não?


Mas paralelamente fomos tendo visitas de campo quer em Sakarya quer em Istambul, os dois locais por onde se dividiu o evento. O que nos permitiu ter uma visão mais profunda da Turquia, facto ajudado pelos esclarecimentos e explicações dados pelos colegas e professor turcos. Viajar com locais é sempre muito mais interessante. Sem eles é muito mais difícil ultrapassar a contingência de ser “apenas” turista. Passamos a ser parceiros e amigos. Muito mais interessante.


Da Turquia ficou-nos a sensação de um país em modernização e crescimento acelerado. É um facto que tivemos nas zonas mais dinâmicas do país mas pensamos que mesmo a velocidades diferentes a explosão desenvolvimentista turca está por todo o território. Por isso quando perguntava aos colegas turcos se integrar a União Europeia continuava a ser um objectivo eles diziam, com o seu orgulho pátrio, que essa questão já não os preocupava. Nós no lugar deles pensaríamos o mesmo. A sensação com que ficamos é que nós tínhamos mais a ganhar com a sua entrada do que eles. Eles continuam a acreditar no futuro manifesta desde logo na sua taxa de natalidade (70 milhões hoje 100 milhões previsivelmente em 2030), nós, europeus nem por isso. Estamos cada vez mais velhos e amedrontados…


Dos turcos ficou-nos a ideia de uma enorme afabilidade e de valores comuns apesar das diferenças. Eles são muito mais cosmopolitas que nós portugueses. Podem não acreditar mas em plena baixa de Adapazari (Sakarya) entrámos numa loja de música e partilhámos com musicos turcos a sua música e a nossa tendo eles no fim tocado Paco de Lucia em nossa homenagem. Dentro da Turquia existem muitas etnias e diferentes religiões, apesar da muçulmana ser maioritária. Andar na rua dava-nos a sensação de estarmos no centro da Europa há uns anos atrás. Víamos gentes muito diferenciadas mesmo fisicamente. Mas precocemente envelhecidos. Sim, ai sentimos a diferença que faz o desenvolvimento no aspecto físico das pessoas, especialmente nas mais velhas, que não eram assim tantas, pois a sua esperança de vida anda muito atrás da europeia. Mas entre nós e os nossos colegas turcos havia muito em comum. Mais do que as diferenças. Até já o vinho a cerveja faziam parte dos nossos laços apesar de eles terem ascendência muçulmana, a laicização da sociedade turca, especialmente nas suas elites e nos mais novos é um facto.



De todo o programa fica-nos uma sensação de grande satisfação e de termos ganho mais um punhado de amigos para a vida…




até sempre E-BuHU- MC.

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