domingo, agosto 19
sábado, agosto 18
Por uma política pública de habitação que comece pelo Estado e pelas Autarquias
Nos
últimos tempos temos assistido a um reacender de velhas discussões sobre o tema
da habitação, apesar de confrontada com novas realidades.
As
velhas discussões produziram um contexto que, de forma simplificada se pode
resumir a: rendas altamente condicionadas, protegendo os inquilinos (pobres ou
ricos a todos por igual), onde o Estado fez “política social” à custa dos
proprietários. Esta política (ou falta dela) levou a que o arrendamento durante
décadas deixa-se de ser opção,
conduzindo ao degradar dos centros históricos e à aquisição de casa,
como única forma de aceder a uma habitação por parte da classe média. Os pobres
foram despejados nos bairros, onde outros acharam que deviam morar.
Lembram-mo-nos
do Arq. Nuno Portas dizer, com razão, que a adesão ao Euro, com a
correspondente queda das taxas de juro, nos anos 90, foi a verdadeira
responsável pelo (des)ordenamento do país, pois permitiu crescer as cidades
para as periferias como nunca, até então. Os seus centros continuaram em
agonia, cada vez mais profunda, ficando vazios. De pessoas e lojas, que se
transferiram para as periferias, onde estas habitavam e o comercio se passou a
fazer em forma de “grandes superfícies”. Durante muitos anos vivemos assim.
Depois
veio a crise e quase tudo mudou. Bancos faliram, o crédito fácil acabou e as
cidades pararam a sua expansão. Na falta de dinheiro o Estado deitou a mão a
tudo e o “velho” património imobiliário passou a pagar impostos que se vissem,
levando à sua alienação, por parte das famílias, que até então deixavam os
problemas de herança sempre para as gerações seguintes. A tudo isto juntou-se
um novo Regime de Reabilitação Urbana, um novo Enquadramento do Alojamento
Local e, o mais importante, uma afluência de turistas crescente que tornou,
finalmente, a recuperação do edificado numa realidade. Os novos regimes fiscais
a estrangeiros (vistos Gold, reformados europeus, etc.), fizeram o resto. Sem
esse dinheiro “vivo” estrangeiro, na sua maioria sem recurso a crédito, nada
disto teria sido possível.
Fora
uma ou duas exceções (e.g. Guimarães e Évora) os centros históricos das cidades
começaram finalmente a mexer com as grandes cidades de Lisboa e Porto à cabeça,
naturalmente. Tudo isto é novo. Mas algumas
das velhas questões não foram resolvidas ou voltaram. Uma certa aversão ao
lucro e à iniciativa privada dos outros, começou a produzir urticária nos
quadros ideológicos do costume, de onde o caso Robles foi apenas a “cereja no
bolo”. O problema não são os proprietários (a maioria das famílias em Portugal)
quererem tirar o maior rendimento dos seus imóveis mas a inexistência de
politicas públicas que compensem o fator positivo que é, termos capital
estrangeiro, na forma de investimento ou turismo, a entrar. Esse deve ser
acarinhado.
O
que devemos mudar é termos o Estado e a Autarquias completamente alienados da
sua função. Conceberem politicas públicas que compensem quem menos pode e torne
acessíveis as cidades às classes médias e populares é uma das suas obrigações.
Mas
para o fazerem sugiro que comecem por si. Hoje vinha no Expresso, que de acordo
com o “o último relatório publicado pela Direção-Geral do Tesouro e Finanças
(DGTF) relativo ao sistema de informação dos imóveis do Estado no final de 2016”
se revelou que existirem “3891
edificados sem ocupação por parte dos organismos públicos” (EXPRESSO 18.08.18).
Número espantoso, não estando aí
identificados os das autarquias. Quantas pessoas poderiam ter arrendamento ou
compra de casa acessível se para estes se criassem instrumentos de reabilitação?
Em
Abril deste ano foi apresentado um “pacote legislativo” denominado “Para uma Nova Geração de
Políticas de Habitação”, a que ainda não se percebeu o destino, mas que
identificava estes grandes números:
• 187 municípios têm carências habitacionais sinalizadas;
•identificadas 25.762 famílias como estando em situação
habitacional claramente insatisfatória;
• 14.748 edifícios e 31.526 fogos sem as condições mínimas de
habitabilidade;
• 74% das carências habitacionais identificadas localizam-se
nas Áreas Metropolitanas.
Não
poderiam ser estas carências absorvidas em boa parte pelo património devoluto
do Estado e da Autarquias?
Esta
era uma batalha que valia a pena ser feita. Não digo pela direita ou pela
esquerda, mas por quem quer um país moderno, inclusivo e sustentável.
sexta-feira, agosto 17
segunda-feira, maio 7
Monte + Belo
É nosso
entendimento que os partidos políticos só têm sentido se ajudarem a melhorar a
qualidade de vida das comunidades que servem. O PSD de Setúbal, nas últimas
Autárquicas, candidatou-se à Freguesia de S. Sebastião com um programa simples mas
ambicioso, onde “melhorar o espaço público e a articulação entre os bairros” e “a
criação de mais estacionamento para residentes” eram duas das suas prioridades.
Monte Belo (MB), Norte e Sul, sentem estes problemas de forma aguda. Como
entendemos que os partidos, mesmo quando não ganham as eleições, devem
participar na construção de soluções que aumentem as condições dos seus
representados, aqui estamos a propor um conjunto de medidas. Estas resultam de
um trabalho que conjuntamente com a população, teve início em Abril de 2017 (na
preparação da campanha) e irá ser apresentado na próxima Assembleia de
Freguesia de S. Sebastião.
Dos diversos
problemas identificados, a falta de estacionamento é o mais gritante, pois
torna a vida dos seus habitantes num verdadeiro inferno, em particular no MB
Norte. Para solucionar este problema não chega, ordenar o estacionamento, seja
o “oficial” ou o “oficioso”, como propôs a Câmara, na reunião realizada com os
moradores do MB Norte (11.04.18). É
necessário criar mesmo mais estacionamento, pois o existente é manifestamente
insuficiente.
Outro problema
identificado é a pouca articulação entre o MB Norte e Sul, “separados” pela Av. Álvaro Cunhal (AvC) que
é, atualmente, uma via rápida. Esta via
deverá tornar-se uma avenida urbana ajudando a ligar os dois MB, em vez de os
separar. Estabelecer uma nova ligação entre
MB Norte e a AvC, através da Rua Mouzinho de Albuquerque, permitia um novo
acesso a este bairro, útil para desanuviar o congestionamento de tráfego,
permitindo tornar vivida a frente urbana nas traseiras da praceta Afonso Paiva,
que atualmente se encontra, literalmente, entregue aos “bichos” (pois a relva à
sua frente só serve os cães). O
estacionamento, em espinha ao longo da AvC, quer a norte quer a sul, poderia
ajudar, juntamente com o seu atravessamento, rodoviário e pedonal, a tornar
mais lenta a velocidade do trânsito e com isso conferir-lhe mais urbanidade.
Esta intervenção permitia acrescentar cerca de mais quatrocentos lugares de
estacionamento, ajudando muito a suprir esta deficiência estrutural na
qualidade de vida dos seus moradores.
Outras melhorias
podem ainda ser introduzidas, mas tentámos aqui propor o que nos parece
determinante para responder aos problemas sentidos pelos moradores. Podem ver mais
detalhadamente em https://www.facebook.com/psdseccaodesetubal/, as restantes
propostas que fazemos, para contribuir para um Monte + Belo.
sexta-feira, março 16
As praias a que Setúbal tem direito
Setúbal deve ser
(re) conhecida pela qualidade de vida que oferece. O potencial que todos lhe
reconhecem deve tornar-se, por isso, cada vez mais real. As praias da Arrábida são
garantidamente uma das suas joias, quer para quem aqui mora quer para quem a
visita. Nestas encontram-se as praias de
Albarquel, a Figueirinha (Bandeira Azul), Galapos e Galapinhos (eleita em 2017 como Melhor Praia
da Europa), além da praia dos Coelhos e do Portinho da Arrábida (eleita como
uma das 7 Maravilhas Naturais de Portugal). Apesar da notoriedade já alcançada
todos os que as amam e apreciam sabem que são ainda diamantes em bruto, e que ainda muito (infelizmente)
falta para as lapidar. E numa época em que o turismo do País cresce e, dentro
deste, a Região de Lisboa se afirma como o seu principal destino, é importante
Setúbal valorizar os seus méritos e corrigir
os aspetos menos positivos para não decepcionar a notoriedade já adquirida.
Dois desses aspetos
parecem-nos críticos para que isso possa
acontecer: a qualificação das concessões de praia, na qualidade de serviço e
nas suas instalações e a melhoria da sua
acessibilidade. Positivo é,
recentemente, a Câmara Municipal de Setúbal, ter chamado a si competências
nestas duas áreas o que à partida pode
vir a proporcionar o salto qualitativo desejado, assim se tomem as medidas
necessárias.
Começando pela
primeira, é difícil aceitar as estruturas abarracadas que, com exceção da
Figueirinha, subsistem em todas as restantes concessionárias de praia. E o pior é que, na maior parte dos casos, a
qualidade do serviço não supera a precariedade das instalações, desqualificando
o lugar que têm o privilégio de ocupar. Esta situação tem de ser corrigida em
diálogo com os empresários, criando a cooperação necessária à melhoria destes
aspetos, tão negativos para a imagem das praias.
No que diz
respeito aos acessos, o problema é como tornar uma zona limitada, física e
ambientalmente, acessível ao maior número em condições de segurança,
particularmente entre a Figueirinha e o Portinho. O automóvel gera um
estacionamento desordenado e abusivo, por isso a sua gestão e condicionamento
têm de acontecer. Deixar de existir é um erro mas regrado e condicionado de
forma clara (só de um lado da estrada, por exemplo) é imprescindível. Conjuntamente,
o transporte público, seja de autocarro ou mesmo de barco, tem de aumentar, onde
a Câmara poderá ajudar tornando os preços mais atrativos. Também a
acessibilidade pedonal e ciclável da via EN 379-1, deverá ser melhorada .
Afinal a distância não é assim tão grande.
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