domingo, novembro 21

Alentejo

Voltei ao meu, sempre saudoso, Alentejo. Évora é uma magnífica cidade. Beja, apesar de diferente, é igualmente interessante. Vou ter o privilégio de poder trabalhar sobre estas cidades, numa região que me é muito cara. A plenitude da planície, a sua luz e o seu característico cheiro deixam-me sempre uma certa exaltação. Sabe-me sempre a um regresso a casa.
Neste meu caminhar pela província talvez comece a reconciliar-me com a administração pública. Tem sido notável a forma como tenho sido tratado. A consideração e o cuidado nos pedidos formulados e nos materiais que solicito. Será que nos pequenos centros urbanos a administração é mais urbana? Ou terá sido só a chamada sorte de principiante. (visto estar eu no inicio desta minha epopeia) A ver vamos.
Viajar pelo país - que este meu trabalho exige - vai ser estimulante. Sinto como sorte ter de o fazer.

segunda-feira, novembro 15

A Vida é um Milagre

Este é um filme vibrante. A realidade aparece crua através da mais pura ficção. Emir Kusturica, como Fellini, não nos mostra aquilo que todos os dias vemos. Antes nos transporta para um outro mundo. O imaginário.
Sempre admirei os autores que nos mostram esta outra "verdade". Oscar Wilde, no seu declínio da mentira fala-nos acerca disto. A mentira surge como fermento da Arte e esta apresenta-nos, aquilo, que nos permite comprender verdadeiramente a vida.
A vida é um milagre é disto exemplo. Tudo neste filme nos remete para longe do "noticiário" quotidiano. O "jornal das oito" está definitivamente fora deste universo. Dá-nos um outro olhar. O contexto é a Bósnia em tempo de guerra. Os personagens estão na História, mas presos no seu próprio mundo. Cheios das suas pequenas e grandes misérias. E virtudes. Sempre a velha condição humana.
A loucura, presente ao longo do filme, é o elo relacional. Forma de ficção, com desejo de se tornar realidade, nem sempre produz bons resultados, mas permite sobreviver em condições adversas. No entanto, a esperança e o humor salvam-nos. Assim como o amor. A nós e a eles. Os que vemos e os que viveram tudo aquilo.
Filme a não perder, porque vida é isso mesmo um milagre...

quinta-feira, novembro 11

As Farpas

Adquiri e comecei a ler a publicação integral e original coordenada pela M. Filomena Mónica - publicado pela editora principiaAs Farpas, de Eça de Queiroz e Ramalho Ortigão. A análise do país é extremamente negativa e com pendor decadente, o que de facto sucedia. Penso termos batido no fundo, enquanto nação, durante este século XIX – que teve a sua conclusão com o ultimato britânico. Mas o mais interessante é a qualidade literária com que é feito e o recorte da linguagem, apesar de a obra não ser constante neste aspecto.
Mas o que mais me impressionou foram: a coincidência dos problemas apontados ao país, e às suas gentes, com a actualidade; E justamente nos seus aspectos estruturais. Vejamos, se o que se segue, não podia ser escrito hoje, com total aderência à realidade.
“ Ora, como o Estado, pobre, paga tão pobremente que ninguém se pode libertar da sua tutela para ir para a indústria ou par o comércio, esta situação perpetua-se de pais para filhos como uma fatalidade.” Continuando “A pobreza geral produz um aviltamento na dignidade. Todos vivem na dependência: nunca temos por isso a atitude da nossa consciência, temos a atitude do nosso interesse”.
Não podia ser mais actual.
Um dos aspectos que caracteriza esta realidade é que até os “ricos” têm como principio não levantar ondas em relação ao Estado, ou aos seus representantes. Isso pode prejudicar os negócios, que claro está é tão dependente do Estado, ou mais, que qualquer empregado da Função Pública. A diferença não é portanto entre quem precisa, ou não, é entre quem tem essa libertadora coragem e os que preferem falar sempre baixinho, por causa do interesse.
O tão falado caso Marcelo Rebelo Sousa versus Pais do Amaral é ilustrativo do que pretendo sublinhar. E, nem que fosse só por isso, este caso, e a atitude de MRS tem um carácter pedagógico para um país tão habituado à surdina e ao medo. Nesse sentido penso ter sido exemplar a atitude do Professor.

quinta-feira, novembro 4

Eleições Americanas

Será que vamos continuar a assobiar para o ar, e fingir que não é nada comnosco. Nem tudo o que nos rodeia é, apenas reflexo das acções de outros.
E agora Europa?

quarta-feira, novembro 3

Memórias de Adriano

Acabou a ansiedade...
A Europa pode continuar a respirar de alivio.
O "amigo" Americano continua a servir de bode espiatório. Bush ganhou.
O mundo continua suspenso... As eleições Americanas dominam a agenda.
"Como toda a gente, só disponho de três meios para avaliar a existência humana: o estudo de nós próprios, o mais difícil e o mais perigoso, mas também o mais fecundo dos métodos; a observação dos homens, que na maior parte dos casos fazem tudo para nos esconder os seus segredos ou para nos convencer de que os têm; os livros, com os erros particulares de perspectiva que nascem entre as suas linhas."
in Memórias de Adriano de Marguerite Yourcenar

Hoje, 2 de Novembro, resolvi oferecer a mim próprio este Blog.