Agustina
Para que serve a riqueza? Esta questão tem levantado as mais diversas interpretações. Hoje, entre nós, estamos muito preocupados com a criação de riqueza, onde entronca a celebre questão da “produtividade”. A criação de riqueza – ou acumulação de riqueza – é uma actividade olhada e concretizada de formas diversas ao longo da história que se modificou com a cultura do tempo e a forma de civilização. Max Weber na sua obra “A Ética Protestante” atribui a fundação do capitalismo moderno aos Calvinistas Puritanos. Na vontade de uma vocação para “glória de Deus” estes desviam dos conventos o ascetismo e põem-no ao serviço do capital. O despojamento associado à capacidade de realização e uma verdadeira dedicação ao trabalho criam o caldo de cultura para o desenvolvimento da civilização ocidental, assente no “capitalismo”. Como podemos perceber nada acontece por acaso.
Esta explicação vai ao encontro daquilo que me parece mais próximo de uma explicação razoável sobre a questão da criação da riqueza. A vontade de uns, associado à sua capacidade de realização, contra a falta de vontade de outros. E não uns a explorarem os outros. O maniqueísmo da visão de uns explorados e outros exploradores não chega para explicar a necessidade de criar riqueza e da acumular.
Agustina – que teve uma nota no caderno económico deste último Expresso – refere-se através de um dos seus romances, a "Sibila", a esta questão. Apesar de ser sobre uma sociedade já distante – anos cinquenta em Portugal – onde se desenrola o romance, continua a ser certeira. A posse ou a acumulação não é mais que “uma forma de libertação da opressão do trabalho”. Não podia ser mais verdadeiro. Pelo menos do meu ponto de vista. A acumulação está intimamente relacionada com a liberdade. Pois não se pode ter liberdade sem autonomia. E esta consegue-se contra a opressão, de outros ou das circunstâncias. A subsistência assegurada, relacionada com o nosso modo de vida, é essencial para não nos sentirmos “oprimidos”. Nem pelo trabalho.
Hoje convivem vários modos de lidar com esta questão. Mas os novos escravos são já, não só os que dependem inteiramente do trabalho ou da falta dele, mas os que vivem para pagar o crédito contraído. Dependentes dos seus desejos e já não das suas necessidades básicas, vivem aprisionados no seu cartão de crédito.
Esta explicação vai ao encontro daquilo que me parece mais próximo de uma explicação razoável sobre a questão da criação da riqueza. A vontade de uns, associado à sua capacidade de realização, contra a falta de vontade de outros. E não uns a explorarem os outros. O maniqueísmo da visão de uns explorados e outros exploradores não chega para explicar a necessidade de criar riqueza e da acumular.
Agustina – que teve uma nota no caderno económico deste último Expresso – refere-se através de um dos seus romances, a "Sibila", a esta questão. Apesar de ser sobre uma sociedade já distante – anos cinquenta em Portugal – onde se desenrola o romance, continua a ser certeira. A posse ou a acumulação não é mais que “uma forma de libertação da opressão do trabalho”. Não podia ser mais verdadeiro. Pelo menos do meu ponto de vista. A acumulação está intimamente relacionada com a liberdade. Pois não se pode ter liberdade sem autonomia. E esta consegue-se contra a opressão, de outros ou das circunstâncias. A subsistência assegurada, relacionada com o nosso modo de vida, é essencial para não nos sentirmos “oprimidos”. Nem pelo trabalho.
Hoje convivem vários modos de lidar com esta questão. Mas os novos escravos são já, não só os que dependem inteiramente do trabalho ou da falta dele, mas os que vivem para pagar o crédito contraído. Dependentes dos seus desejos e já não das suas necessidades básicas, vivem aprisionados no seu cartão de crédito.
Citando Agustina“ devemos ter uma restrição das vontades, dos desejos, dos excessos que nos poderiam ser permitidos”. Apesar de tudo a liberdade é sempre uma opção entre aquilo que, face às limitações escolhemos, ou o que nos é imposto. Prefiro a primeira.
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