Boa Noite e Boa Sorte
Good Night and Good Luck EUA 2005 (88 min)
Direção: George Clooney
Elenco: Koumba Ball, Lansana Kouroma, Danielle Akerblom, Uly Darly, Daphné Desravines, Maka Kotto
Good Night, and Good Luck era a forma como finalizava o seu programa See it Now, na rede CBS no começo dos anos 50, o jornalista Edward Murrow. Alvo do senador Joseph McCarthy, que empreendia uma verdadeira “caça às bruxas” aos simpatizantes do comunismo. Murrow diferente de outros, enfrentou o inimigo durante cinco episódios de seu programa desvendando as facetas controversas no discurso de McCarthy, com todas as montagens de declarações e mentiras do poderoso senador.
Homens assim são sempre raros ontem como hoje. Homens que colocam os valores civilizacionais acima de qualquer outro.
É importante perceber como então se utilizava a televisão. Naquele tempo um jornalista “fumava” em directo no ecrã de televisão - um sacrilégio nos dias de hoje - mas citava Shakespeare numa analogia com o personagem em análise – uma impossibilidade cultural actualmente.
Murrow chama a atenção para a importância da televisão, colocando-a também a ela no domínio das nossas opções colectivas e não fora dele, onde a solidão e o entretenimento não poderiam ser a sua única “função”. Se ele visse o que hoje se passa…
Este filme coloca várias questões aos dias de hoje:
O problema do excesso de segurança “contra o inimigo” – ontem o comunismo hoje o terrorismo – e como isso pode ser uma intromissão do Estado sobre a vida do cidadão.
A importância da responsabilidade individual na defesa do nosso “modo de vida”, sobretudo para vencer o comodismo.
O papel da televisão, valorizando (ou não) o que temos de melhor. Naquele tempo, esta, ainda pretendia puxar para cima, hoje está, essencialmente, a fazer o contrário. A barbárie tem cada vez mais tempo de antena.
George Clooney, fez também um óptimo trabalho ao nível da realização. Desde a escolha dos protagonistas - com destaque para o excelente David Strathairn - aos enquadramentos, passando pelo belíssimo trabalho de fotografia, tudo empresta ao filme o glamour típico do cinema negro, acentuando a falta de “cor” de uma das épocas mais tristes da história da América.
Mas não podemos deixar de recordar que só num sistema livre como o americano, com todos os defeitos inerentes às sociedades humanas, se aperfeiçoam os defeitos de cada tempo. A não perder, especialmente por aqueles que pensam que já não vale a pena lutar.
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