Português, nascido no Porto e criado em Leça da Palmeira, é actualmente, com 29 anos, Professor na Universidade de Princeton (EUA). Fez toda a sua formação até ao Secundário perto de casa. Saiu para Londres para fazer a licenciatura (London School of Economics) e concluída esta, segue para os Estados Unidos onde realiza o Phd em Harvard. Por cá tem escrito crónicas no “Diário Económico”. É considerado um dos promissores economistas da sua geração, a nível mundial.
Deu ao “Expresso” uma entrevista, que publicou este Sábado, de onde salientamos o seguinte:
«Exp. – Quando olha para Portugal, tende a ter um olhar pessimista ou optimista?
R.R. – Optimista. Mas isso também tem a haver com a personalidade. Há 20 anos a Irlanda era tão pobre ou mais que Portugal. Hoje é mais rica que a Inglaterra. Era um País altamente Católico como Portugal, e com uma grande rigidez numa série de mercados, como Portugal. Em 20 anos conseguiu. Estas coisas dão-me esperança e dizem-me que não é impossível que Portugal dê o salto. Depois, as pessoas são altamente empreendedoras em Portugal e têm uma capacidade de adaptação que lhes dá grandes vantagens.
Exp. – O que falhou no País nos últimos vinte anos?
R.R -Penso que duas grandes lacunas em Portugal são o sistema de Justiça – muito mau, muito lentos e muito burocrático – e a presença excessiva do Estado na economia. Confrange-me que um bom aluno saído da faculdade tenha como emprego de sonho ir trabalhar para um ministério. Não são os ministérios que fazem o País andar para a frente. No entanto as melhores cabeças em Portugal não sonham em criar uma empresa (…) O papel central do Estado é muito preocupante.
Exp. - Como é que explica que quando a economia está a crescer mais que nos últimos anos, as pessoas estejam novamente a ficar pessimistas?
R.R. – Há um facto que tem estado muito no centro das discussões do EUA mas pouco em Portugal: é que nos últimos anos tem havido um alargamento relativamente grande da desigualdade. Mas este aumento da desigualdade nos EUA nos últimos dez anos é muito diferente do que vimos no século XX, porque se deve ao aumento da recompensa das pessoas altamente qualificadas. A ideia de desigualdade entre os capitalistas e o trabalhador está hoje muito desactualizada. O que tem acontecido é um aumento da desigualdade entre profissões e também dentro das profissões. E o retorno da educação aumentou brutalmente.»
Em sintese: Podemos ser diferentes e mais ricos. Temos emprendedorismo e capacidade de adaptação. Aspectos muito importantes.
Temos demasiado Estado e até as elites estão demasiado presas ao seus mecanismos de reprodução. Temos de tirar o Estado do centro das nossa procupações.
As novas desigualdades começam a ser entre profissões e dentro das profissões.
É sempre interessante um olhar exterior.
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