A relação dos Portugueses do “povo” com a educação merece reflexão. Vem hoje referido no Jornal Público que o “abandono escolar acompanha os Portugueses”. A constatação vem de para além de sermos o segundo País da Europa com maior abandono escolar, esta fatalidade acompanha a nossa comunidade lusa emigrante. Ou seja, mesmo emigrados os filhos dos portugueses têm um abandono superior e piores resultados escolares que os nativos.
A escola e a educação parecem não ser vistas como factor a valorizar por parte das famílias bastando para estas que os filhos sigam os trilhos traçados pelos pais e para isso não foi necessário estudar para além do estritamente necessário. Não é de estranhar.
Durante séculos a erudição era coisa de ricos ou de padres. Gente que vivia do trabalho do povo. Este, por isso, não necessitava dos estudos para fazerem aquilo que o destino lhes tinha encarregado de fazer: servir e sobreviver. Passando ao lado da modernização dada pela industrialização, dos conflitos mundiais, sem crises de identidade nacional ou religiosa a educação do povo pareceu, a todos, coisa desnecessária. Quer aos próprios, quer ao Estado. Não por estupidez como se poderia pensar à partida mas por um profundo sentido prático: para quê perder tempo inutilmente?
Mesmo com os progressos verificados a partir dos anos 60 esta percepção mudou pouco. A mobilidade social praticamente inexistente até então, conseguida apenas pela via militar ou religiosa, atinge só uma magra camada da classe média emergente de então para cá. Tendo um mundo fora do País, historicamente os portugueses resolveram sempre os seus problemas económicos, não por via revolucionária ou desenvolvimentista, mas saindo de cá. Ou para o Império ou como emigrantes. Assim, estudar para quê?
As primeiras gerações de emigrantes vindas do povo que saiu por falta de alternativas sofrem, ainda hoje, da mesma percepção que os que cá ficaram sem alternativas. Não existe necessidade de se educarem para fazerem aquilo que os espera, que é o mesmo que a seus pais. Quando esta percepção mudar a educação será valorizada por ser útil. E isso só pode acontecer quando o nosso País se tornar mais aberto à sociedade do conhecimento e mais meritocrata, premiando pelo valor individual mais do que pela condição de proveniência. Sem estas mudanças dificilmente os Portugueses do povo mudarão a sua relação com a educação. Alguns passos estão a ser dados nesse sentido mas muito ainda falta fazer.
A escola e a educação parecem não ser vistas como factor a valorizar por parte das famílias bastando para estas que os filhos sigam os trilhos traçados pelos pais e para isso não foi necessário estudar para além do estritamente necessário. Não é de estranhar.
Durante séculos a erudição era coisa de ricos ou de padres. Gente que vivia do trabalho do povo. Este, por isso, não necessitava dos estudos para fazerem aquilo que o destino lhes tinha encarregado de fazer: servir e sobreviver. Passando ao lado da modernização dada pela industrialização, dos conflitos mundiais, sem crises de identidade nacional ou religiosa a educação do povo pareceu, a todos, coisa desnecessária. Quer aos próprios, quer ao Estado. Não por estupidez como se poderia pensar à partida mas por um profundo sentido prático: para quê perder tempo inutilmente?
Mesmo com os progressos verificados a partir dos anos 60 esta percepção mudou pouco. A mobilidade social praticamente inexistente até então, conseguida apenas pela via militar ou religiosa, atinge só uma magra camada da classe média emergente de então para cá. Tendo um mundo fora do País, historicamente os portugueses resolveram sempre os seus problemas económicos, não por via revolucionária ou desenvolvimentista, mas saindo de cá. Ou para o Império ou como emigrantes. Assim, estudar para quê?
As primeiras gerações de emigrantes vindas do povo que saiu por falta de alternativas sofrem, ainda hoje, da mesma percepção que os que cá ficaram sem alternativas. Não existe necessidade de se educarem para fazerem aquilo que os espera, que é o mesmo que a seus pais. Quando esta percepção mudar a educação será valorizada por ser útil. E isso só pode acontecer quando o nosso País se tornar mais aberto à sociedade do conhecimento e mais meritocrata, premiando pelo valor individual mais do que pela condição de proveniência. Sem estas mudanças dificilmente os Portugueses do povo mudarão a sua relação com a educação. Alguns passos estão a ser dados nesse sentido mas muito ainda falta fazer.
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