Este filme de Abel Ferrara com Forest Whitaker e Juliette Binoche não é mais um filme que contesta Jesus ou a sua Igreja. Maria Madalena não surge como a amante, a mulher ou a mãe dos filhos de Jesus. Não, este não é esse filme.
Se quiser confirmar as suas certezas sobre os múltiplos e terríveis “pecados” e desvios da mensagem original sobre Jesus promovida por todos os cristãos, seus seguidores, deve procurar outro filme, mais leve, ou mesmo…intrigante. Numa versão pós-moderna de policial à la Carte. Se é por ai que vai, este, definitivamente, não é o que procura. O que pretende está provável em Código…
Este não é assim. É um filme claro como a água consegue ser. É sobre a vida, o ser humano, a sua necessidade de transcendência e o seu indispensável encontro com a paz. A paz de cada um, a que só se acede pelo amor vencendo o sofrimento, o prazer ou a dor. Conseguido apenas com o compromisso, pela entrega.
A história faz a ligação entre o passado e o presente entre o oriente e o ocidente entre o homem e a mulher entre a escuridão e a claridade. Sem falsos puritanismos ou moralismos. Apenas expondo a nossa infinita fragilidade. A nossa humanidade, integrada neste inexplicável mistério que é a vida.
A actriz Mary Palesi (Juliette Binoche) e Ted Younger, célebre jornalista que apresenta um programa sobre a vida de Jesus nas suas múltiplas dimensões, vão-se encontrar, sem nunca se verem. Paralelamente vamos vendo o filme "This Is my Blood" realizado Tony Childress, sobre a vida de Jesus, onde Maria Madalena surge como um discípulo maior entre os apóstolos, onde se evidência o conflito latente com Pedro.
Nestes vários planos da história o drama da vida e da existência vai fazendo o seu caminho, nos diversos tempos e personagens da acção. Não existe um final nesta história. Ela prolonga-se em cada um de nós. Os que estamos vivos, é claro.
Como é obvio para quem aprecia, a não perder.
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