Vivemos tempos difíceis. Mas isso já todos o sabemos. Já o sabíamos, antes até de o termos constatado. Com a adesão à Europa, quase todos suspeitaram que nada mais ia ser como antes. Mesmo quando o País parecia estar a melhorar os “Velhos do Restelo” apareciam para nos lembrar que era apenas uma doce ilusão. A modernidade não surge como um passo de mágica.
Mas a abertura ao exterior e a crescente urbanização da população não deixaram grande margem para o recuo. As expectativas de vir a ter um nível de vida equivalente aos restantes europeus ficaram marcados na nossa consciência colectiva. Mesmo sabendo, agora, o trabalho que isso dá.
Estamos como que a meio da ponte. Entre o que éramos e o que gostaríamos de ser. É preciso ter coragem mas nem sempre acreditamos que seja possível. A maioria das vezes desconfiamos de quase tudo: de nós, dos outros, deles. Especialmente destes últimos. D’eles. E eles são os que nos governam, ou os que são governados, os que mandam ou os mandados, os que ensinam ou os que são ensinados, tudo conforme as perspectivas, do lugar que cada um ocupa, a cada momento. Mas era importante perceber que não podemos ficar para sempre no meio da ponte. Temos que andar para a frente. Não de forma inconsciente, pois pior que voltar para trás, é despirmo-nos e cairmos. Mas de forma lúcida e inteligente sem desperdiçarmos as boas vontades e capacidades existentes para realizarmos uma boa travessia. A melhor possível e não a pior possível.
Vem tudo isto a propósito do que se passa entre o Governo e o País. O primeiro quer levar o segundo a modernizar-se. Para isso resolveu levar a cabo uma série de medidas para o efeito. Essas medidas vêm com a marca de reformas associadas a uma ideia de “modernidade”, onde muitas vezes parece que isso basta para as legitimar. E não basta. Para além da retórica é necessário que as medidas sejam realmente boas, bem pensadas e testadas, para depois serem generalizadas e implementadas.
E isto está a falhar. A determinação não pode ser confundida com teimosia. A determinação exige um acompanhamento atento da medida para que esta chegue, efectivamente, aos seus objectivos. E muitas vezes não serve cortar a direito, porque os danos podem ser superiores aos resultados. Muitas vezes têm que se realizar acertos e isso não é um acto de fraqueza mas de inteligência. O importante não é ter razão é reconhecer-se a razão.
O Governo actual está empenhado em fazer um retrato optimista do País e em considerar a sua intervenção como o principal responsável por isso. Esta estratégia, ao generalizar-se, pode levar o discurso a descolar da realidade. E se isso acontecer dificilmente se consegue restabelecer a comunicação com os governados. Um governo deve fazer um discurso mobilizador, mas isso não pode ser confundido com autismo, ou com a perda do sentido da realidade. Toda a gente acha uma certa piada aos lunáticos mas ninguém quer ser governado por eles. E com o País a sofrer um período de grande dificuldade e quebra de expectativas, é fácil o excesso de optimismo não ser reconhecido como razoável. É um erro confundir vontade de mudança com excesso de confiança. Reconhecer o erro sem perder o objectivo do que se pretende, tem de ser incorporado no quotidiano político, quer por parte dos governantes quer dos governados.
Mudar os governantes não muda, por si, a necessidade de atravessar a ponte. O País tem de exigir a qualidade na travessia e não ficar na constante hesitação sobre a necessidade de a atravessar. O erro pode ser corrigido sem mudar de desafio. A melhoria da qualidade da travessia passa por todos. Até por aqueles que acham que deveríamos voltar para trás.
Mas a abertura ao exterior e a crescente urbanização da população não deixaram grande margem para o recuo. As expectativas de vir a ter um nível de vida equivalente aos restantes europeus ficaram marcados na nossa consciência colectiva. Mesmo sabendo, agora, o trabalho que isso dá.
Estamos como que a meio da ponte. Entre o que éramos e o que gostaríamos de ser. É preciso ter coragem mas nem sempre acreditamos que seja possível. A maioria das vezes desconfiamos de quase tudo: de nós, dos outros, deles. Especialmente destes últimos. D’eles. E eles são os que nos governam, ou os que são governados, os que mandam ou os mandados, os que ensinam ou os que são ensinados, tudo conforme as perspectivas, do lugar que cada um ocupa, a cada momento. Mas era importante perceber que não podemos ficar para sempre no meio da ponte. Temos que andar para a frente. Não de forma inconsciente, pois pior que voltar para trás, é despirmo-nos e cairmos. Mas de forma lúcida e inteligente sem desperdiçarmos as boas vontades e capacidades existentes para realizarmos uma boa travessia. A melhor possível e não a pior possível.
Vem tudo isto a propósito do que se passa entre o Governo e o País. O primeiro quer levar o segundo a modernizar-se. Para isso resolveu levar a cabo uma série de medidas para o efeito. Essas medidas vêm com a marca de reformas associadas a uma ideia de “modernidade”, onde muitas vezes parece que isso basta para as legitimar. E não basta. Para além da retórica é necessário que as medidas sejam realmente boas, bem pensadas e testadas, para depois serem generalizadas e implementadas.
E isto está a falhar. A determinação não pode ser confundida com teimosia. A determinação exige um acompanhamento atento da medida para que esta chegue, efectivamente, aos seus objectivos. E muitas vezes não serve cortar a direito, porque os danos podem ser superiores aos resultados. Muitas vezes têm que se realizar acertos e isso não é um acto de fraqueza mas de inteligência. O importante não é ter razão é reconhecer-se a razão.
O Governo actual está empenhado em fazer um retrato optimista do País e em considerar a sua intervenção como o principal responsável por isso. Esta estratégia, ao generalizar-se, pode levar o discurso a descolar da realidade. E se isso acontecer dificilmente se consegue restabelecer a comunicação com os governados. Um governo deve fazer um discurso mobilizador, mas isso não pode ser confundido com autismo, ou com a perda do sentido da realidade. Toda a gente acha uma certa piada aos lunáticos mas ninguém quer ser governado por eles. E com o País a sofrer um período de grande dificuldade e quebra de expectativas, é fácil o excesso de optimismo não ser reconhecido como razoável. É um erro confundir vontade de mudança com excesso de confiança. Reconhecer o erro sem perder o objectivo do que se pretende, tem de ser incorporado no quotidiano político, quer por parte dos governantes quer dos governados.
Mudar os governantes não muda, por si, a necessidade de atravessar a ponte. O País tem de exigir a qualidade na travessia e não ficar na constante hesitação sobre a necessidade de a atravessar. O erro pode ser corrigido sem mudar de desafio. A melhoria da qualidade da travessia passa por todos. Até por aqueles que acham que deveríamos voltar para trás.
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