terça-feira, maio 27

Caminhos


ponte dos ingleses

simao pereira de magalhaes

2007

Divulgação - HOJE

Cada vez mais casas,
Cada vez menos gente

Teatro São Luiz, 27 de Maio de 2008

(mais) uma sessão cívica
"UM DIA POR LISBOA – Fazer e Não Fazer"


A sessão de dia 27 de Maio será dividida em 3 painéis, entre as 18h e as 23h. em que vão participar diversas personalidades:




18h – 19.30h - O despovoamento da cidade de Lisboa e a dispersão metropolitana

19.30h – 20.30h - Construção vs. reabilitação

21h – 22h - Imobiliário e direitos adquiridos vs. interesse público

22h – 23h - Debate institucional


Vão estar presentes entre outros:
Augusto Mateus, Manuel Graça Dias, João Cleto (Movimento Porta 65 Fechada), Luís Campos e Cunha, Leonor Coutinho, Carlos Pimenta, Isabel Guerra



Debate final

João Ferrão, Secretaria de Estado do Ordenamento do Território e das Cidades

Manuel Salgado, Câmara Municipal de Lisboa

Fonseca Ferreira, CCDRLVT

Carlos Humberto, Junta Metropolitana de Lisboa (e presidente da Câmara Municipal do Barreiro)


Moderação: Luísa Schmidt e Nuno Artur Silva

Mais informações através do contacto telefónico: 213 864

terça-feira, maio 20

Lawrence Grossberg


Ontem saiu no Público uma entrevista de Lawrence Grossberg que passo a citar alguns excertos a ter em conta.

«É um dos mais importantes pensadores de estudos culturais americanos, foi uma voz central nos debates sobre o pós-modernismo nos anos 1980 e teve papel essencial na legitimação do estudo da música popular e "cultura jovem" na universidade. Filosofia da comunicação, políticas de juventude ou as possibilidades e limitações na emergência de formações alternativas de modernidade, são temas presentes no seu trabalho.
Há uma semana deu uma conferência na Universidade Católica, em Lisboa, sobre Estudos Culturais e Problemas da Modernidade. Para ele, os estudos culturais são em primeiro lugar política e, só depois, cultura popular. Na sua última obra, denuncia a "guerra aos jovens" que é, afinal, segundo ele, a tradução de um contexto onde ninguém acredita no futuro. (...)


A própria categoria "jovem" transformou-se. Era uma idade, agora é uma ideologia. Aquilo que definia o ser "jovem" atravessa agora todas as idades.
Essa é outra questão fascinante. A geração baby-boomer, que é a minha, cresceu a pensar que a sua identidade estava na juventude. Crescemos com esta ideia que tínhamos que parecer, agir e vestir, como se tivéssemos sempre 20 anos. Não sei se é mau, nem acho que seja recusa de crescer, mas realmente isso cria um problema para os jovens que são, realmente, jovens. De repente, toda a gente é jovem. Quer dizer, com nuances, consumo a mesma música que os meus filhos.
A partir dos anos 80 a noção do que era ser "jovem" já nada tinha a ver com um corpo. Tinha um significado cultural e político. Estava em ligação com a ausência de um sentido para o futuro e percebi isso quando os adolescentes começaram a falar-me do seu ressentimento por serem adolescentes. Sentiam que tinham sido abandonados, porque à sua volta percebiam que já ninguém se sentia responsável pelo seu futuro. (…)

Mas no seu último livro vai mais longe, dizendo que os "jovens" se transformaram num problema para os mais velhos. Porquê?
Porque eles personificam o futuro, que é qualquer coisa em que deixámos de acreditar. A partir do meio do século XX, quando a "cultura jovem" se impôs, a juventude começou a ser vista como símbolo dos valores americanos. Incorporavam o sonho americano. O futuro ia ser dourado e os jovens tinham que ser moldados para que lhes fosse permitido representar essa ideia de futuro.
Mas isso mudou, porque a noção de futuro também mudou.
Hoje não há uma guerra contra os jovens, mas há uma guerra contra o futuro. Há uma presença acentuada de discursos apocalípticos e, os jovens, que representam o futuro, sofrem as consequências. Qualquer coisa que sempre demos como adquirido, como ter uma carreira ou uma pensão de velhice, é posto em causa. O problema é que se não acreditamos no futuro, não podemos ser responsáveis pelo que vai acontecer.
Ou seja, não podemos ser responsáveis pelos jovens?
Exacto. Nesse sentido, eles têm que ser qualquer coisa que pode ser controlada, porque não nos queremos sentir culpados - por não terem acesso à medicina, por serem toxicodependentes ou por não investirmos na educação pública ou na universidade.
Simplesmente, porque não acreditamos que a nossa responsabilidade é investir no presente e preparar o futuro. O contexto social mudou tanto que é difícil aceitar ou abraçar o risco. Os adolescentes estão preocupados com o futuro económico de uma forma que a minha geração não estava. (…)»

quinta-feira, maio 15

A escolha...


Pedro Passos Coelho (PPC) ao não se ter demarcado das declarações (e intenções) de Luís Filipe Menezes (LFM), proferidas hoje na SIC Noticias, acerca de Manuela Ferreira Leite, fica com a sua candidatura definitivamente amarrada a uma lógica de vingança e ajuste de contas. Não dele mas de outros, o que ainda é mais redutor.

As declarações de “bom rapaz” querendo estar de bem com todos não chegam para fazer um líder. A retórica liberal e moderna, por si, significam pouco. Para convencer o PSD, e o País, de que representa alguma mudança tem de fazer diferente e isso não se compadece com ausência de “espinha dorsal”. Com o seu silêncio PPC revelou que a lógica do voto é, para ele, muito mais importante do que a real vontade mudar a trangetória do Partido dos últimos anos. A "juventude" não é um valor. É uma circunstância. Passa com o tempo e muitas vezes, antes de tempo. Com este silêncio PPC explicitou a sua escolha: receber a herança que LFM entendeu deixar-lhe. Registámos.

Caminhos

o fim do mundo... continua

nuno chaves

2007

quarta-feira, maio 14

Elas andam por ai


Depois de muitos episódios, a já mundialmente famosa série o “Sexo e a Cidade”, volta novamente. Agora em versão cinematográfica. Esta série muito “moderna” e extremamente “light”, retrata uma espécie de novo modelo da mulher urbana, emancipada e consumista. Os homens, para elas, passam a ser só mais uma “marca” a adquirir. Interessante, para poucos, completamente assustador para muitos. Principalmente para os "velhos conquistadores" que passam de caçadores a presas.
Apesar da leveza e dos equívocos que promove a série é, dentro do género, bem feita e divertida. O filme não deverá passar disso mesmo. No entanto, elas parecem não deixar de querer andar por ai…

sábado, maio 10

sexta-feira, maio 9

O Estado vai deixar de construir bairros sociais




Esta pode ser considerada, a ser implementada, uma medida histórica. Será o fim dos bairros sociais. Em vez de mandar construir mais fogos o Estado irá dinamizar o mercado de arrendamento. Sendo ele próprio a adquirir ou arrendar imóveis, para constituir uma bolsa de fogos com que possa resolver algumas das carências habitacionais.
Aqui há uns anos, num seminário de mestrado, perguntamos a uma especialista em habitação social, porque é que o Estado tinha de decidir onde os pobres vão morar e como moram, quando não o faz com os restantes cidadãos? Ao que a técnica não conseguiu responder. A resposta é difícil, mas as consequências destas políticas urbanas têm sido responsáveis pela fragmentação urbana e desintegração social a que hoje assistimos nas nossas cidades. E é um fenómeno que afectou todo o mundo ocidental. O Estado, através da construção de bairros sociais, promoveu a “guetização” urbana. Os condomínios fechados, foram apenas a resposta contrária à mesma visão do problema mas desta vez promovida pelos “ricos”. Tudo isto é contrario à ideia de cidade. Resolver o problema da habitação é um fim nobre em si, mas existem muitas outras maneiras de o fazer. Só por isso aplaudimos o Plano Estratégico da Habitação (PEH), apesar de ainda não o conhecermos na integra.

O PEH foi apresentado esta semana às autarquias, é um documento que prevê uma alteração profunda nas políticas públicas, em que o Estado é retirado do seu papel de interventor directo e provisor das populações, para o colocar em funções de maior regulação e fiscalização. O papel principal vai ser atribuído às câmaras municipais e a execução da estratégia deverá dar lugar a muitas parcerias público-privadas.Este documento, elaborado por uma equipa técnica multidisciplinar, integrada, entro outros, por Nuno Portas, Augusto Mateus e Isabel Guerra, vai agora entrar em debate público. Este Plano Estratégico de Habitação, depois de aprovado, irá definir as prioridades das políticas públicas de habitação até 2013.

quarta-feira, maio 7

Bob Geldof

É extraordinário ser-se pago para se dizer o que se pensa. Ter essa liberdade e possibilidade é verdadeiramente importante para tornar o mundo num sitio mais saudável. Quando formos “grandes” gostávamos de poder viver assim.
No entanto, quem paga uma acção (o BES e o Expresso), que pretendia ser sobre o desenvolvimento sustentável, conceito hoje muito maleável, pode ver o seu objectivo “comercial” transformado em algo inesperado. Bob Geldof ao chamar «criminosos» à classe dirigente Angolana, mostrou que essa atitude, não sendo sustentável, não pode ser tolerada. Com isso fez de algo que pretendia ser politicamente correcto, numa espécie de operação de charme sem cor nem sabor, num acontecimento verdadeiramente interessante.
Grande Geldof.

Texturas


Pedro Gomes
2008

terça-feira, maio 6

A escravatura do Imobiliário


«Euforia pertence ao passado

O "aperto" das exigências contrasta com a euforia do início da década de 2000, altura em que, como recorda Reis Campos, presidente da Federação de Construção, as instituições faziam avaliações muito generosas, contando muitas vezes com a previsível valorização no futuro, de modo a poder acomodar não só o financiamento da casa, mas também a compra de recheio e até de automóveis.Essa euforia pertence ao passado, até porque, ao contrário dos anos de valorização constante do parque habitacional, em boa parte gerado pela falta de oferta em termos de arrendamento, o cenário actual é completamente diferente, em que alguns segmentos e algumas localizações continuam a valorizar-se, mas depois há um conjunto alargado de imóveis que se desvaloriza, em especial nas zonas periféricas. Por outro lado, e além da envolvente macroeconómica mais desfavorável, tem-se verificado um decréscimo considerável de construção de novas habitações. O que neste momento existe à venda é, portanto, um número muito mais elevado de imóveis usados/antigos, cujo valor vai diminuindo com o passar dos anos. Esta situação é ainda agravada pelo facto de grande parte dos imóveis à venda se concentrar nas zonas periféricas das grandes cidades, que cresceram desordenadamente a partir da década de 80, e são exactamente aquelas que sofrem maiores desvalorizações.
»

Hoje no Público

O que podemos concluir é que depois de se ter facilitado tudo (Bancos), de se querer ter tudo (Consumidores) e de se ter construído de toda a maneira (Construtores, Autarquias e Estado), os que vão pagar são essencialmente os mesmos: Os das periferias mais desqualificadas. As classes médias mais baixas.

Este é um bom exemplo do que acontece quando a Administração Pública não faz o que lhe compete e deixa margem demais à iniciativa privada, que muito prezamos, mas que tende a ter uma visão restrita do interesse público. O (des) ordenamento do Território e a falta de qualidade geral do Espaço Urbano, para além de prejudicar o dia a dia de todos, vai tornar ainda mais pobres as classes médias que se deixaram vislumbrar por este engodo. Esses acreditaram que poderiam continuar a melhorar sua condição de vida apoiada no crédito e não nos salários, tornando toda a sua vida dependente dessa ilusão. Agora são os mesmos Bancos que lhes vão tirando a possibilidade de voltar a trás, ao atribuírem valores inferiores ao seu património, não permitido a venda do mesmo, a não ser a custos muito inferiores. Para estas pessoas vai ser cada vez mais difícil sair desta situação. A pobreza irá aumentar mesmo para os que têm algum património. O imobiliário pode estar a tornar-se num motivo de escravatura. Trabalhar, literalmente, para a casa vai ser cada vez mais verdadeiro.

Quando temos um Estado e uma Sociedade que não põe como finalidade última o interesse público, quem fica sempre mais prejudicado são as camadas da população desfavorecidas. A pobreza de espírito está, muitas vezes, correlacionada com a pobreza material.