terça-feira, agosto 6

Leituras



Tempo de férias é tempo de leitura. Comecei a ler este livro agora por indicação de uma amiga apesar da mana já nos ter oferecido este exemplar no Natal de 2001. Por diversas razões nunca tínhamos tido a oportunidade de lhe pegar. Talvez fosse agora o momento certo…?

A «Gente da Mentira» é um dos muitos livros escritos pelo psiquiatra M. Scott Peck. A sua linhagem enquadra-se numa tendência contemporânea de muitos cientistas tentarem uma abordagem multidisciplinar (entre várias ciências) ou mesmo mais holística, como é o caso, misturando temas separa dos desde o início da idade moderna quando a ciência se opôs a muito do conhecimento não cientifico como o místico e o religioso. Neste caso segue esta última tendência. O tema é a maldade humana, vista por um homem de ciência e tratada como tal, mas com um enquadramento religioso, essencialmente na tradição judaico-cristã onde o autor americano se filia. Como o próprio refere “a abordagem deste livro será multifacetada. Os leitores que preferem uma coisa mais simples (ou simplista), sentir-se-ão provavelmente desconfortáveis”.


Até agora valeu bem a pena o desconforto…apesar de ser um livro “perigoso”, especialmente para os que têm mais problemas em se confrontar com a verdade.

1 comentário:

Maria Pisco disse...

Boa, sempre a tempo, este é um tema sempre atual e a necessitar de constante e profunda reflexão. A mim interessa-me particularmente a sua articulação com o pensamento filosófico (ex,de Santo Agostinho a Hannah Arendt)e implicações para a psicologia, psiquiatria, ética e direitos humanos,...

Neste livro, chamou-me a atenção o foco do autor numa praxis idealista, assente na crença de que todo o ser humano tem um potencial para a transformação, como a solução apontada para lidar com este problema.
Diz ele: "Não consigo ser mais específico sobre a metodologia do amor do que citando estas palavras de um padre que passou muitos anos na batalha: 'Há dezenas de maneiras de lidar com o mal e muitas maneiras de dominá-lo. Todas elas são facetas de uma verdade que a única maneira derradeira de dominar o mal é deixá-lo ser asfixiado por um prestativo ser humano. Quando é absorvido, como sangue em uma esponja ou uma lança no coração, perde seu poder e não consegue ir adiante.'... A cura do mal - tanto cientificamente ou por outros meios - pode ser alcançada somente pelo amor dos indivíduos. Uma disposição para o sacrifício é necessária. O curador deve permitir sua própria alma se tornar o campo de batalha. Ele deve, por meio de sacrifício, absorver o mal... Não sei como isso acontece, mais sei que acontece... Quando isso acontece, há uma leve inclinação no equilíbrio do poder do mundo."

Eu também acredito que é este o caminho ... para fazer a diferença nestes perpétuos ciclos de samsara.

Boas leituras, bjs