sábado, outubro 1

Direito de resposta

Os meus caros amigos Ruvasa e Sulista - post da Sulista "A abstenção e o Voto em Branco...(republicado)" nos comentários - levantaram duas questões, que apesar de ligadas nos parecem distintas: A “corrupção e falsidade” e as “falsas promessas” da classe política.

Relativamente à primeira não pensamos que a classe política tenha o monopólio da "corrupção e da falsidade". Muita dela cabe nesta categoria, é verdade, mas infelizmente em muitos outros aspectos da vida portuguesa isso também acontece. Aquilo que observamos nos diversos “palcos” em que nos movimentamos não é muito melhor ou muito pior é até muito semelhante. Os valores de “sucesso” na nossa sociedade são muito – esses sim – generalizáveis. O indivíduo de sucesso é o que conseguiu "chegar lá", aquele "lugar" importante onde tem o carro X e lhe permite adquirir Y e ser, supostamente um individuo importante. Não interessando nada o que fez para o conseguir, ou qual o seu verdadeiro mérito.

A degradação dos valores é de tal ordem que poderemos vê-la muito bem retratada nestas eleições autárquicas. Os novos autarcas independentes – Isaltino, Felgueiras, etc – vão provavelmente ganhar nos seus concelhos. Porque o povo também já não acredita em “gente séria”, acredita, isso sim que todos os políticos são “iguais” – dai o problema da generalização - mas aqueles ao menos resolvem os seus problemas. E não nos venham com a conversa do povo “atrasado e inculto”, que em Oeiras essa é difícil de ser verificada, pois é o concelho com maior número de licenciados do país. E muitos desses também pensam votar Isaltino. Os valores éticos e morais não dependem do grau de escolaridade.

Outro aspecto diferente é a “falsa promessa”. Também pensamos que a relação entre eleitores e eleitos está deteriorada, mas não sabemos quem terá mais responsabilidades. E passo a explicar. Por exemplo Sócrates ganhou porque prometeu aquilo que o povo queria ouvir, sabendo que não podia fazer o que prometia. Mas assim, como prova o seu resultado nas últimas legislativas, conseguiu a maioria absoluta, mentindo.

Porquê? Não foi por gostar de ser enganado. Não. Foi porque o “povo” não está interessado em mudar de vida. (E o pior é que querendo ou não vai ter mesmo de o fazer) E votará em qualquer um que lhe prometa, não o céu, porque isso já ninguém acredita, manter o modo de vida a que está habituado.

No nosso entender era fundamental dizer a verdade e só a verdade só que - tememos - muita pouca gente estaria disponível para a ouvir. Talvez só batendo mesmo no fundo, o que parece ainda não ter acontecido. Vamos esperar pelos indicadores e resultados que estão par vir no fim do ano… A realidade é sempre o melhor remédio. Mas como já escrevemos antes nesta história não há inocentes.

2 comentários:

Ruvasa disse...

Viva, Paulo!

Antes de ver a sua chamada para aqui, comentei no post anterior da Sulista.

Creio, pois, que algo do que lá digo lhe responderá, em certa medida.

Abraço

Ruben

Anónimo disse...

Caro amigo Paulo Pisco,

já li seu post de resposta e gostei no geral MAS tem «lá» no meu bloguito, uma «respostazinha» a dois pormenores técnicos que lhe escaparam...

Até breve!