quarta-feira, janeiro 21

Cidade das Artes e das Ciências - Valência



Ciudad de las Artes y las Ciencias

Bruno Rodrigues

2008

Esta foto de Valência fez-nos lembrar a nossa passagem por esta cidade Espanhola e da qual perdemos as fotografias (acidentes da tecnologia). Apesar de a termos visitado com entusiasmo estar neste espaço deixou-nos alguma inquietude no espírito.

Esta zona da cidade é “produzida” pelo arquitecto engenheiro Santiago Calatrava que é natural da cidade. Apesar de ser um Arquitecto que muito admiramos (em Portugal projectou a Gare do Oriente), esta Cidade das Artes e das Ciências, coloca-nos a questão da cidade como obra de arte: O que é? Será possível ou desejável?

No nosso entender a cidade é a mais bela obra humana por ser a que melhor espelha a sua vivência comum. Encerra, em si, tudo o que é humano. Não como obra de autor. De um autor. Mas como obra colectiva. Para além disso só pode existir no tempo e com tempo. Nenhuma cidade é verdadeiramente contemporânea, se for, está morta. A cidade é a sua própria história feita de homens, instituições e matéria e afirma-se na sua diversidade. Interna e externa.

Como Imagem Cidade das Artes e das Ciências de Valência é muito interessante, mas como vivência quotidiana, será? Conseguirá este pedaço de cidade sobreviver “pura” neste seu ar de parque temático nos próximos anos? Ou a cidade com um todo irá recriá-la tornando-a num devaneio do tempo? O nosso tempo.

Esta vontade de resolver o mundo de uma penada é muito de arquitecto autor e de cidadão consumidor, mas no nosso modesto entender, a cidade como obra de arte não pode ser vista como produto ou obra acabada e pronta a consumir. Ela faz-se do tempo e do espírito humano e isso não se consome. Vive-se experiencia-se. A cidade obra de arte é composta de muita coisa, onde a sua expressão visual é parte apenas. O todo, esse, é muito mais…

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