"Em certo sentido, toda vida, quando narrada, é exemplar; escrevemos para atacar ou para defender um sistema do mundo, para definir um método que nos é próprio. E não é menos verdade que pela idealização ou pela crítica mordaz a todo custo, pelo detalhe fortemente exagerado ou prudentemente omitido, desqualificam-se quase todos os biógrafos: o homem construído substitui o homem compreendido. Nunca perder de vista o gráfico de uma vida humana, que não se compõe, digam o que disserem, de uma horizontal e de duas perpendiculares, mas de três linhas sinuosas, prolongadas até o infinito, incessantemente reaproximadas e que divergem sem cessar: o que o homem julgou ser, o que ele quis ser, e o que ele foi.
Façamos o que fizermos, reconstruímos sempre o monumento à nossa maneira. Mas já é muito utilizar unicamente pedras autênticas.
Todo ser que viveu a aventura humana sou eu."
in Caderno de notas das “Memórias de Adriano”, Marguerite Yourcenar
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