quarta-feira, novembro 29

Surpreendente


O Papa surpreende na visita oficial à Turquia apoiando a sua entrada na Comunidade Europeia. É a prova que um Papa é diferente de um Cardeal, apesar de existirem na mesma pessoa. A mudança de visão sobre este problema operada de Joseph Ratzinger para Bento XVI é também reflexo que, para novas realidades, são necessárias novas respostas. Os tempos são outros. E a "função" da religião não pode reduzir-se à "espada". Pode, e deve, ser o anúncio da "pomba".

Optar pela Turquia para falar a todo mundo árabe moderado - não esquecer que este país é um Estado de maioria muçulmana laico - e defender a sua integração na “Europa Cristã”, é um sinal certo dado para a construção de uma paz duradoira na Europa. Podendo ajudar a distender a relação entre o ocidente e o médio oriente.
Não esquecer que o propósito primeiro da Comunidade Europeia foi o de “construir a paz”. A dimensão económica surge como instrumento desse objectivo. Um facto histórico um pouco esquecido no meio deste “economês” vigente e de vistas curtas que hoje impera.

Não sabemos se esta alteração de Bento VI em relação ao Cardeal se operou por providência divina, mas que vai no sentido certo da história é, para nós claro.

Bem-haja.

domingo, novembro 26

Cenas do quotidiano


Rembrandt

A consultar

Qualificação e Responsabilização dos Autores dos Planos de Ordenamento do Território e Urbanismo


"Em Fevereiro de 2006, o Gabinete do Secretário de Estado do Ordenamento do Território e das Cidades (SEOTC) solicitou à Ad Urbem uma proposta de metodologia de abordagem do tema da qualificação e responsabilização dos autores dos planos municipais de ordenamento do território, destinada a servir de base de discussão para o desenvolvimento de uma futura solução normativa.O documento que agora se apresenta para discussão pública constitui uma síntese da proposta metodológica da Ad Urbem, apresentada em Junho 2006, e das principais contribuições das restantes associações e ordens profissionais.
A discussão pública decorre entre o dia 6 de Novembro e o dia 11 de Dezembro de 2006."

in site da DGOTDU

sábado, novembro 25

Parabéns

Foi há 11 anos. Éramos novos. Ainda somos mas, agora menos. Crescemos juntos. Tu e nós.
Nesse dia o tempo estava estranho. Chovia e fazia sol sem parar. Tal como nós, o tempo reflectia a perplexidade do que sentíamos. Tal como ele, nós, rimos, sofremos e chorámos. Compulsivamente olhando para ti pela primeira vez. Desde esse dia que o tempo não parou de correr. E nós com ele. Desde desse dia que os dias, o tempo e tudo o resto não mais foram iguais.

Obrigado por existires.

Parabéns Leonardo.

terça-feira, novembro 21

Finalmente


Parece que o famoso 73/73 vai finalmente mudar. Segundo diz a lusa, a presidente da Ordem dos Arquitectos Portugueses, Helena Roseta, congratula-se com o facto. Após muitos ameaços, várias promessas e algumas directivas “comunitárias”, Portugal continuava a viver numa alegre república das bananas. Tudo o que era “cão e gato” podia fazer arquitectura. É inacreditável mas é verdade. Agora podemos, finalmente, responsabilizar os arquitectos pela arquitectura produzida. Ainda custa a acreditar. Será mesmo verdade…

Amadeo de Souza-Cardoso III




Amadeo de Souza-Cardoso

Cozinha da Casa de Manhouce

1913

domingo, novembro 19

Novas Lideranças?


Ficámos muito satisfeitos, ao saber na passada quarta-feira (15.11.2006 no Público),o seguinte:


«O antigo presidente da Câmara de Nova Iorque Rudy Giuliani acaba de constituir um "comité exploratório" de uma possível candidatura à presidência dos Estados Unidos em 2008. O "mayor da América", como foi baptizado depois dos atentados terroristas de 11 de Setembro, torna-se assim a primeira figura republicana a posicionar-se na corrida à Casa Branca, ainda que, oficialmente, a decisão de formalizar a candidatura ainda não tenha sido tomada.Segundo um porta-voz de Giuliani, "Rudy percorreu todo o país em campanha pelo Partido Republicano e teve oportunidade de falar com os americanos sobre um vasto leque de assuntos. Eles têm estado a encorajá-lo a candidatar-se a Presidente, e ao estabelecer este comité, ele pode recolher fundos e montar uma organização que a assista na tomada da sua decisão de concorrer ou não".”»

Rudy (Rudolph) W. Giuliani é um dos políticos actuais que mais admiramos. Diz-se que nem sempre um bom Mayor dará um bom Presidente – no caso dos EUA, a acontecer, parece ser a primeira vez que um “Presidente” teve tais princípios normalmente são Senadores ou Governadores de Estado – mas sinceramente acreditamos que um homem com tal envergadura ao nível dos princípios, cheio de convicção e determinação, assim como de capacidade de trabalho e estudo, deverá dar um bom Presidente dos EUA. Não obstante tudo isto é um homem carregado de defeitos, o que só o torna melhor, pois não acreditamos em políticos “santos” ou com essa pretensão.

A nossa admiração vem de muito antes do 11 de Setembro, quando se tornou mundialmente conhecido, pelo atentado às “torres gémeas”. Vem do trabalho notável que este homem teve à frente de uma Câmara Municipal muito exigente e que estava em vertiginoso declínio, Nova Iorque (NI). Governou a cidade de 1994 a 2001. Tendo transformado uma cidade “ingovernável” numa cidade “amigável” apesar de ser, muito provavelmente, a mais globalizada do mundo. Não foi uma tarefa menor. Tomou medidas muito pouco “politicamente correctas” mas que se vieram a revelar de grande alcance a médio longo prazo. Nomeadamente ao nível da sua politica relativa à criminalidade urbana, que no entender de Rudy estava intrinsecamente relacionada com a revitalização das zonas em declínio na cidade de NI. E tinha razão. De tal forma foram os resultados obtidos que se chegou a ponderar a possibilidade de se alterar a constituição Americana, para que Rudy pudesse ser pela terceira vez Mayor de NI (nos EUA só podem ser por dois mandatos seguidos).

Este procurador federal, cargo que exerceu mais do que uma década ensina-nos várias coisas que consideramos essenciais às novas lideranças, das quais destacamos esta:

Que a vontade de governar é importante – foi candidato a NI pela primeira vez em 1989 tendo perdido – para ganhar uma Câmara, mas não suficiente. Os problemas que se pretendem resolver têm de ser muito bem estudados. Durante os anos seguintes à sua primeira derrota dedicou-se a juntar especialistas nas diversas matérias da gestão urbana para elaborar o programa que o viria a eleger em 1994. E que veio a aplicar enquanto Mayor.
Este movimento iniciado por Giuliani influênciou a mudança de gestão urbana em muitas outras cidades nos EUA.

Recomendamos por tudo isto a leitura de “Liderar” escrito na primeira pessoa (Quetzal Editores, 2003) e que conta a forma como cresceu, trabalhou e governou este nova-iorquino de gema de origem italiana.




O livro é quase um manual de boas práticas. De vida e de gestão. Não de uma gestão teorizada, mas prática, aplicável às vidas e actividades de todos nós. Não só de políticos, mas de todos os que precisam de ser lideres – nem que seja só circunstancialmente.

Não resistimos a aguçar-vos o apetite dando-lhes a conhecer a estrutura do livro que é, em si um conjunto de boas recomendações, simples e objectivas "straight to the point":

PARTE I
1- 11 de Setembro de 2001

PARTE II
2- Definir prioridades
3- Preparação Constante
4- Há sempre um responsável
5- Rodear-se de pessoas de grande qualidade
6- Reflectir primeiro, decidir depois
7- Prometer menos e fazer mais
8- Desenvolver e transmitir fortes convicções
9- Ser dono de si próprio
10-Lealdade : A virtude essencial
11- Casamentos: Opcional e funerais obrigatório Enfrentar os tubarões
12- Estudar. Ler. Aprender por conta própria
13- Organizar em função de um objectivo
14- Subornar apenas os que estão dispostas a cumprir.

PARTE III
15- A recuperação.


Boa leitura. E boa sorte para Rudy.

quinta-feira, novembro 16

Natureza Artifícial

Dançar


Desde que nos conhecemos que gostamos de dançar. Mas nos últimos anos a coisa complicou-se. Os sítios onde se dança, normalmente, as discotecas, mudaram os seus horários de uma forma drástica. Ninguém começa a dançar antes das 3 da manhã. E não querendo parecer um “velho” a música que costuma passar não vale a pena o tempo de espera.

O nosso modo de vida também mudou e muito depois do nascimento dos filhos. O que condicionou as saídas à noite. E àquelas horas só podem ser dançarinos: os que nada fazem, os que não têm família ou os irresponsáveis.

De maneira que o casal da casa acabou por adoptar a dança caseira ou a dança no automóvel -Esta última apenas mexendo a parte superior do corpo enquanto nos deslocamos de uma lugar para outro - Que é o que o “dia a dia” permite.

Os nossos filhos, agora mais velhos, também já são amantes da dança. Ele anda no Hip hop e ela no Ballet. Não podiamos, nós ficar de fora desta bela actividade.

No princípio deste ano decidimos tentar resolver este assunto. Assim encontrámos na “União Setubalense” um casal de óptimos professores de Dança de Salão que nos permitiram voltar a ter o prazer da dança. E mais importante, dançar a dois os diversos “estilos” de dança/música. A horas decentes.

Obrigado Marisa e Paulo.

terça-feira, novembro 14

É recomendável...

O filósofo Fernando Savater põe o dedo na ferida de uma maneira clara acerca da crise de autoridade generalizada:

“Especialistas em educação reunidos na cidade espanhola de Valência defenderam hoje que o aumento da violência escolar deve-se, em parte, a uma crise de autoridade familiar, pelo facto de os pais renunciarem a impor disciplina aos filhos, remetendo essa responsabilidade para os professores.
Os participantes no encontro "Família e Escola: um espaço de convivência", dedicado a analisar a importância da família como agente educativo, consideram que é necessário evitar que todo o peso da autoridade sobre os menores recaia nas escolas."As crianças não encontram em casa a figura de autoridade", que é um elemento fundamental para o seu crescimento, disse o filósofo Fernando Savater."As famílias não são o que eram antes e hoje o único meio com que muitas crianças contactam é a televisão, que está sempre em casa", sublinhou.Para Savater, os pais continuam "a não querer assumir qualquer autoridade", preferindo que o pouco tempo que passam com os filhos "seja alegre" e sem conflitos e empurrando o papel de disciplinador quase exclusivamente para os professores.No entanto, e quando os professores tentam exercer esse papel disciplinador, "são os próprios pais e mães que não exerceram essa autoridade sobre os filhos que tentam exercê-la sobre os professores, confrontando-os", acusa."O abandono da sua responsabilidade retira aos pais a possibilidade de protestar e exigir depois. Quem não começa por tentar defender a harmonia no seu ambiente, não tem razão para depois se ir queixar", sublinha.”
– de acordo com a Lusa.

O igualitarismo terá chagado longe demais? A ideia de democratização levada ao limite da igualização dos indivíduos terá de conduzir a uma sociedade sem hierarquia e sem valores?
Pensamos que sim.

Parte da destes problemas têm origem na profusão e aceitação das ideologias igualitárias, assim como a ascensão – e divinização – do mito da juventude como valor supremo, promovido pela chamada “geração de 60” e seus filhos directos. A mais directa consequência foi a perda de autoridade e a criação de uma falsa ideia de que país e filhos são “amigos”. Logo iguais. Certo? Não. Errado.

Os pais têm de ser pais. É isso que um filho espera deles. E ser pai ou mãe é ser responsável, orientador e educador. Os primeiros de todos. Depois vem a escola, o infantário a “rua”, os amigos, etc…

Sobre este tema recomendamos “A sociedade de irmãos” de Robert Bly (Sinais de fogo,1999) que desmonta os malefícios de uma sociedade em que todos, dentro da família, desempenham papeis equivalentes. Os adultos permanecem crianças e por essa razão as crianças deixaram de ter qualquer vontade de serem adultos. É recomendável ler…


O igualitarismo familiar, conjuntamente com a falta de tempo, ou pelo menos, de qualidade de tempo, dentro da família e a desresponsabilização face ao papel de cada um era suposto representar, gerou uma série de problemas que, hoje, afectam as nossas crianças e jovens. Logo todos nós.

As crianças e jovens vivendo “por sua conta” é um panorama assustador mas muito mais real do que se possa pensar. Para o ilustrar lembramo-nos do filme "Kids" de Larry Clark (1995) que retratava um conjunto de miúdos em bando completamente fora do mundo dos adultos. É recomendável ver…


A escola “levou por tabela” com a falta de autoridade na família e na sociedade e com sindroma do stress por falta de atenção e de tempo a que as nossas crianças estão sujeitas. Acentuada pela massificação e perda de importância face ao “mundo exterior”, assim como do próprio saber em si esta encontra-se numa situação muito delicada.

No entanto, e apesar de pensarmos ser tudo isto uma realidade, não pensamos que a escola deva ficar à espera que a sociedade mude. A escola tem a obrigação de resolver internamente e com os instrumentos que já tem à sua disposição, os problemas gravíssimos da disciplina que, por consequência, minam qualquer aprendizagem com o mínimo de qualidade. Com o apoio da familia, quando ele exista, obviamente.

O que acontece com a escola como actualmente está é: os que têm uma “família” safam-se os que não têm não. Ao aprenderem “por fora” os alunos bem enquadrados do ponto de vista familiar prosseguem os que estão entregues a si próprios, reprovam ou abandonam.

Não é a nossa ideia de serviço público. A escola deve ser um promotor de igualdade de oportunidades. E não um factor de selecção natural.

É recomendável assistir a uma aula, no ensino básico, para se perceber que não é ficção...




domingo, novembro 12

Star Wars na Central Tejo

Star Wars é uma saga espacial com contornos de ficção científica realizada por George Lucas. O primeiro dos filmes “Star Wars Episode IV: A New Hope “ foi lançado em 1977. E desde então para cá não se tem parado – o último é de 2005.

A exposição itinerante “Star Wars” está no magnifico cenário da “Central Tejo” – Museu de Electricidade” – que parece ser o ideal para o evento.

Dá para ter um noção de toda a parafernália que está envolvida na “construção” de um filme. Sendo muito mais exigente num em que todos os cenários são inventados.

Muito interessante para as crianças e para os país que cresceram com esta visão do espaço no seu imaginário.

Imprescindível. A não perder.





A passagem pela caldeira da central quase parecia o atravessar para uma nova dimensão.
Os desenhos de concepção.


O Story board do filme.



As maquetas das personagens.


Em tamanho real.

Ou à escala reduzida.

As naves.
Os cenários.
Em dimensão real
Ou em modelo.

Amadeo de Souza-Cardoso I


Entrada
1917,
óleo sobre tela com colagem 93,5 x 76 cm
Centro de Arte Moderna Fundação Calouste Gulbenkian Lisboa, Portugal



Juntamo-nos e durante esta semana, à iniciativa – extremamente meritória – da FCG, que vai inaugurar no próximo dia 14 de Novembro uma exposição retrospectiva da sua obra. Este pintor português (1887-1918) que atravessou a transição do século XIX para o XX, foi um dos poucos portugueses que acompanhou, no tempo "certo", as “vanguardas” internacionais. Para além de “certo” no tempo foi brilhante na forma e na cor. Na nossa modesta opinião é, provavelmente, o melhor pintor portugês de sempre. Atendendo que só teve cerca de uma década para realizar a sua notável obra, ainda se torna mais singular no nosso panorama.

Apesar de ter acompanhado as vanguardas da pintura europeia torna-se, simultaneamente, extremamente original. Um “não alinhado”. Esta data de inauguração comemora a sua ida para Paris. Cem anos depois. Comemora-se a saída e não o regresso ao país. Não deixa de ser muito português este gosto pelo“cosmopolitismo”, mas isso são outras histórias.

Tardava uma homenagem capaz de enaltecer a grandeza artistica e cultural do personagem. Bendita Fundação.



quinta-feira, novembro 9

Ver pelo Desenho




Ver pelo Desenho é uma optima forma de observar a realidade. Sempre que o tempo o permite.

segunda-feira, novembro 6

Prémio o cúmulo da coerência em ciência politica




No último “Expresso” na revista “Única”o Dr. Santana Lopes, apesar de já ser quase impossível, continua-nos a surpreender. Disse:


Exp. – Concorda com os casamentos entre homossexuais?

S.L.- Não sou a favor.

Exp. - E a adopção por homossexuais?

S.L. – Choca-me menos. Há tanta criança a precisar de um lar e de amor que, apesar de nada disto ser fácil, tenho menos reservas.

Podemos assim verificar a estatura e consistência política da personagem.


Será que há pessoas que não se enchergam????

sexta-feira, novembro 3

Medina Carreira em Setúbal.


Ontem tivemos o prazer de conhecer Medina Carreira (MC). Pessoalmente é ainda mais directo e menos polido. Pode-se mesmo dizer desbocado. Mas com muia graça.
Gostaríamos que parte, bastava só uma parte, das nossas elites tivessem a sua frontalidade e honestidade intelectual. O que espanta em MC é uma aliança entre o rigor do discurso e da atitude conjugada com um desprendimento relativamente ao “status quo”. Um homem raro. Vale a pena dar-lhe tempo de antena.

Foi numa reunião partidária – PSD da Secção de Setúbal – que podemos ter o prazer de ouvir algo que à muito pensamos.

Sobre o Orçamento para 2007 disse qualquer coisa como:

"Ser um absurdo o maior partido da oposição, com o seu passado recente, não o votar favoravelmente."

Sobre a pergunta “poderá o PSD obrigar o PS a fazer o que tem de ser feito, endireitar o défice sem correr o risco de existir uma crise no país, por não existir alternativa politica no país?”, respondeu:

"Só se deve falar verdade. Ganhar as eleições com mentiras é perder as eleições a prazo. As mentiras deixam a população desorientada sem referencial de verdade. Logo descrente e pronta a votar no próximo mentiroso, não o deixando governar de seguida. Perdem todos. Mais vale ter paciência. Dizer a verdade. E esperar para poder ganhar as eleições. E em verdade governar."

Coisas simples, mas muito sérias.

Continuemos a ouvi-lo com toda a atenção.