domingo, dezembro 10

No tempo do Cinema


Deu há pouco um documentário lindíssimo sobre João Benárd da Costa (JBC). Valeu a pena ser visto. Boa parte dele passou-se na Arrábida, uma das paisagens de eleição de JBC, ligado a esta desde a sua infância. E dentro desta o Convento Franciscano o lugar de eleição. Os monges sabiam como ninguém escolher os seus lugares. Aos Franciscanos, com pouco mais podiam se satisfazer, tal a frugalidade existencial a que se obrigavam. Contemplar era quase o que lhes restava, para além da oração, e neste caso não teriam do que se queixar. JBC fala de um pouco de tudo, mas como sempre mais de cinema. E muitos falam sobre ele e sobre o que este “monstro” da nossa cultura foi representando para as várias gerações de portugueses, mais ou menos eruditos.

Os testemunhos de muitos atestam só por si a sua relevância e transversalidade num universo tão limitado quanto o que se viveu, e, de certa forma, ainda se vive em Portugal: Alberto Vaz da Silva, Vasco Pulido Valente, Alberto Seixas Santos, João Mário Grilo, Jorge Silva Melo, Miguel Lobo Antunes, Fernando Lopes, Maria João Seixas, Agustina Bessa-Luís, Manoel de Oliveira, Manuel S. Fonseca, Rita Azevedo Gomes, José Manuel Costa, Paulo Filipe Monteiro, Guilherme d' Oliveira Martins, Lucília Alvoeiro, Maria Alice Castro e dos 4 filhos, João Pedro, Mónica, Sofia e Ana.

Este senhor é um daqueles casos a quem o país deve muito. A muitos níveis, sendo o mais visível o cinema. Mas sendo, sobretudo um ser culto e “nobre” no verdadeiro sentido da palavra, nunca o reclamou. Sempre universal mas ao mesmo tempo claro, no seu grau de erudição. Já tivemos a oportunidade de o ver e ouvir algumas vezes, na sua Cinemateca, experiência essa, sempre enriquecedora.

A última grande lição que este senhor nos deu foi o facto de não se querer reformar (da Cinemateca), apesar de a tutela – ou os burocratas do Ministério da Cultura – o desejarem. Mas felizmente, para todos nós, JBC gosta do que faz e encontra nisso a melhor forma de continuar a viver. A todos os níveis exemplar.

1 comentário:

Anónimo disse...

Tanto que havia a dizer, não pela pobreza do post, que diz tanto, mas antes pela riqueza de João Bénard da Costa, para quem nunca chegarão as palavras!
Fica, ainda assim, um imenso obrigada pelo que nos OBRIGOU a conhecer, a ver, a sentir e a descobrir através dos seus escritos, das suas palavras, das suas atitudes.
Um bem haja, «até à eternidade».