quinta-feira, janeiro 25

Debate sem noção



Hoje o debate no Parlamento, assim como os outros do passado, deixam-nos uma sensação estranha. Uma sensação de regresso aos debates do tempo das associações de estudantes (sem ofensa) do nosso tempo de juventude. Os mesmos discursos que, ainda hoje, fazem as delicias das juventudes partidárias. Um misto de “infantilismo” argumentativo que emerge num comportamento de “claque” onde a linguagem se socorre do discurso mediático como (única) forma de legitimação e reconhecimento de autoridade, perante os outros. A pobreza da retórica praticada será reveladora do conteúdo? Tememos que sim. As opções fazem-se em função de superficialidades. Ou são inspiradas pelo que vem de fora, ou fazem parte do “jargão” do tempo.

Simulação de diálogo no Parlamento:

Primeiro-ministro: Eu proponho esta medida que estabelece uma ruptura absoluta com o passado tornando Portugal um país melhor.

Oposição: O que o PM diz é muito bonito mas já existe e não trás nada de novo. O governo devia falar de coisas novas e concretas e não de generalidades.

PM: É uma vergonha a oposição não se preparar para o debate de uma questão tão importante para o país. O governo só tem escolhido debater no Parlamento os temas mais importantes para a nação. E como todos podem ver a oposição não tem nada para apresentar como alternativa. E já agora, sobre as coisas novas deixem que lhes diga que durante o tempo do vosso governo ninguém se lembra de uma única medida sobre esta questão em debate.

Op: Lamentamos informá-lo sr. PM. Mas tudo aquilo que o sr. anuncia já estava legislado pelo anterior governo. E o sr. continua sem falar no essencial. E o essencial é outra matéria que não esta.

PM: Pois é, mas vossas excelências esquecem-se que as leis que aprovaram não trouxeram qualquer melhoria no sector. A que nós estamos a apresentar é que o vai melhorar.

Op: É falso. O sr. PM é mestre no discurso e a anunciar mas o que diz não tem qualquer aderência à realidade. E faço-o lembrar que neste sector o sr. já foi responsável pelas politicas desta área e como se vê, desde o seu tempo de ministro, aquilo que propôs não teve qualquer efeito.

PM: É impressionante que a oposição se esqueça que teve 3 anos no governo e por isso tem enormes responsabilidades nesta área. Mais grave, para não dizer gravíssimo, é que a oposição não consiga reconhecer a grande visão da medida apresentada pelo governo. Medida extremamente importante, que acompanha toda a Europa, e que aponta o caminho da modernidade para o nosso pais. A oposição está só voltada para o passado, apesar de não ter feito nada quando era governo.

Op: O PM só fala mas no concreto não apresenta nada para além de tudo o que apresenta não trazer nada de novo.

Bla bla bla, bla bla, bla….

Já cansa.

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