Estará o mundo, tal como o conhecemos, “condenado” a afundar-se com esta matéria-prima? Muito provavelmente não. Mas ao ter chegado aos 100 dólares, algo parece estar definitivamente a mudar. Dizem os especialistas que entrámos na linha descendente da sua produção. Sendo a procura crescente, não se prevêem mudanças no curso dos custos. Mesmo estabilizando, a prazo, não parará de aumentar o seu preço. O modelo de desenvolvimento adoptado por cada vez maior número de seres humanos assim faz crer. No entanto, os seus custos crescentes terão consequências. Já estão a ter, nomeadamente nas nossas opções individuais. Em Portugal o aumento de custos de combustível já fazem sentir a diminuição da utilização do transporte individual.
Suspeitámos que o mercado, neste particular, terá mais efeitos entre nós, que muitas tentativas frustradas ao nível do planeamento das nossas cidades para melhorar a mobilidade. Especialmente na diminuição do uso do automóvel. Não vos parece?
Mas o condicionamento energético vai ter outras consequências imediatas. O modelo de desenvolvimento vai ter de mudar. O consumo puro e duro, como motor da economia vai ter de ser reponderado. E se consumir menos passar a ser sinal de melhor nível de vida? A economia, como outras áreas da existência humana, tem muito de “construção mental” e esta esteve, quase sempre, ligada às necessidades de sobrevivência dos povos. Quando assim não foi terminaram as civilizações, sendo substituídas por outras…
3 comentários:
Mas é pena que seja unicamente o mercado a regular o excesso de automóveis nas cidades, pois isso traduz-se, exclusivamente, num aumento do preço dos combustíveis; não noto diferenças ao nível do planeamento de infraestruturas e da criação de alternativas, viáveis, ao uso do pó-pó.
Assim, e uma vez mais, quem tiver dinheiro usufrui; quem o não tiver, abdica. Logo, a mudança faz-se, mas não pelos melhores motivos, nem de uma forma muito democrática...
Já existem algumas alternativas, infelizmente falha muito a articulação entre os diferentes modos e as diferentes empresas. A nossa tradicional tendência para o desperdicio...
Relativamente ao preço dos combustiveis funcionarem como "regulador" não é um desejo é apenas uma constatação.
O lado democrático da questão é um pouco discutivel. Não é líquido que a racionalidade económica ou ambiental sejam um apanágio de classe. Muitas vezes são os que menos têm que tomam opções menos razoáveis. A democracia, entendida como o acesso de todos a tudo é uma tendência da nossa sociedade para a uniformização de comportamentos, que têm tanto de ilusório quanto de perigoso. Como é o caso.
O dinheiro pode ajudar,por vezes, a racionalizar e a tornar os sistemas mais eficientes.
Tens razão quanto ao aspecto um pouco perverso da democratização das sociedades. Não há sistemas perfeitos, como se sabe, pois advêm do ser humano que, também ele, não o é. A tendência de esbanjamento de quem tem menos recursos é atávica e de sempre: apenas manifesta, por um lado, a "fome" de se equiparar a quem tem mais; por outro, a falta de preparação, a todos os níveis. Compreensível, de certo modo.
Enviar um comentário