quinta-feira, dezembro 4

Talvez DaDa


Incisão com a faca de cozinha dada através da barriga de cerveja da última época cultural weimar alemã.

Hannah Höch

1920

Não sabemos se terá sido da febre, mas ocorreu-nos sabe-se lá porquê, começarmos hoje uma mostra de obras do movimento Dada ou Dadaísmo. Este teve o seu inicio numa altura de grande desilusão e amargura, que quebrava as expectativas do início do século XX. Resultado do começo da I Guerra Mundial, em 1916, reuniram-se um conjunto de artistas, intelectuais, dissidentes politicos e outros personagens no Cabaret Voltaire, em Zurique, na Suiça, País neutro. A ideia era contestar os valores vigentes, artisticos ou sociais e com isso divertirem-se e chocarem os mais conservadores, ou seja a grande maioria. Mas num periodo de crise e de quebra de expectativas e de ameaça real ao modo de vida, durante a guerra, e, a uma vontade de alienação, depois dela, veio a conquistar grande audiência no meio artistico e intelectual. Tão fulgurante como foi o seu surgimento e cheio de vida assim foi para ser dado como terminado, apesar de pouco consensual, em 1923. No entanto, este deixou muitas pistas para a arte do século, entre as quais o anuncio da “morte da arte”, a vontade de ruptura com a história (principalmente a H. de Arte) e a possibilidade de “tudo ou nada” ser considerado arte, bastando para isso uma intensionalidade, que poderia estar quer no artista quer no observador. Podendo os objectos de uso corrente ser utilizados como materia para realizações artisticas. Ainda hoje, como então, isto é discutivel e merece as mais acessas opiniões. Mas foi ai Dada essa possibilidade.

Começamos com uma mulher: Hannah Höch. A única mulher do movimento em Berlim. Que mesmo pertencendo a um movimento libertário e libertador teve as suas dificuldades em se impor entre os seus pares. Mas que, indicutivelmente, merece lugar de destaque.

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