domingo, setembro 18

Será este quadro "arte gay"?

Francis Bacon
Self Portrait
1976

A propósito da propaganda e contra-propaganda acerca da exposição pública, cada vez mais assumida, de um certo “modo de vida gay” não se pode perder o que escreveu sobre o assunto na “Actual” (Expresso) João Pereira Coutinho em resposta António Guerreiro. “Identidade e neurose” é o título do artigo. O seu autor defende a tese simples e evidente de que o “ Homossexual é adjectivo não é substantivo. Descreve um acto não uma identidade”. No essencial está tudo dito.

Será este belo quadro de Bacon, alguma vez, um quadro de “arte gay”?

Pensamos que não. Tenham paciência mas nunca a preferência sexual foi factor valorativo ou depreciativo de uma obra de arte ou de uma realização humana. A não ser por gente que não percebe nada do assunto e talvez por isso só consegue discutir do que verdadeiramente percebe.

Tentar catalogar como factor identitário a preferência sexual - ou a cor da pele, por exemplo - não faz o mínimo sentido. Como refere JPC a “elevação da natureza a causa indentitária” não tem qualquer cabimento. Não se escolheu. É assim.

Não vale a pena ser exposto como factor a ter em conta por si só. Uma vítima é uma vítima. Independentemente de ser ou não ser homossexual. Um criador tem mais ou menos valor independentemente de com quem ele anda ou se deita. A obsessão da afirmação com base apenas num factor - sexual ou outro - só torna os próprios “escravos” dessa condição. Quando o ser humano é muito mais do que apenas isso. As criações são humanas não são de sexo, raça ou religião...

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