quarta-feira, outubro 21

O (des)Caso Saramago



José Saramago foi daqueles intelectuais ocidentais que durante o século XX (no caso Português até mais tarde) pensaram que a ideologia comunista seria capaz de construir o céu na terra. Coisa que a religião só permitia no paraíso, após a morte. Numa outra dimensão: não material, não terrestre, mas espiritual e celeste. Para estes o domínio de Deus e da Religião seria substituído pelo domínio da Ideologia e do Partido. O poder seria finalmente dos homens, mas apenas de alguns homens. Os Comunistas.

Saramago, como todos os intelectuais materialistas com pendor totalitário, pensaram a dado momento das suas vidas que este caminho, apesar de espinhoso, no fim seria vitorioso. Ora Saramago está no fim da sua vida e verificou-se justamente o contrário. Desde há uns tempos a esta parte Saramago resolveu, então, tentar fazer um ajuste de contas com a história . O principal inimigo do materialismo extremo é a fé e a religião. Sendo português, o cristianismo é o seu alvo. O recente “ataque “ à Bíblia vem nesta sequência, assim como o reescrever da história de Jesus há uns anos atrás.

Cunhal, homem apesar de tudo mais sábio, tentou no fim da sua vida, rescrever a sua história, apresentando mais as suas facetas “humanas” (os romances, a pintura e o desenho, etc.) e fazendo esquecer mais as políticas. Saramago, menos sábio e mais arrogante, está a tentar reescrever a história do mundo. Não assumindo que estava errado, por lhe ser particularmente difícil, tenta no fim, dizer que o está errado não era ele mas toda a nossa cultura Judaico-Cristã e o seu livro fundador, a Bíblia. Ele continua certo como sempre. Os outro é que não vêm, continuando a ler aquelas histórias bilbicas horriveis às criancinhas.

O que Saramago parece não perceber é que o seu Comunismo só podia ter existido nesta cultura. Num momento de crise e mudança desta cultura Judaico-Cristã, mas nunca numa outra. E como produto dessa cultura o Comunismo, mesmo o encapotado como o seu actual, irá sucumbir antes do fim das religiões. E a “Bíblia” irá prevalecer sobre o “Capital”.
Isto Saramago parece não querer ver mesmo antes de fechar os olhos. O peso da sua arrogância parece estar-lhe a ser mais difícil que o peso de Deus. Mas a sua ira contra o mundo do espírito é só um reflexo da sua ira contra o mundo dos homens que não aceitaram o seu ponto de vista iluminado. Façamos daqui um apelo a todos os homens de fé: peçamos perdão a Saramago por o termos desapontado.

Que Deus o acompanhe.

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