domingo, dezembro 5

Já passaram 24 anos

O tempo começa a sentir-se. O estado do tempo e o tempo que já passou.
É verdade, já passaram vinte e quatro anos. Estava na Praça do Bocage, em Setúbal, fazia muito frio, tal como hoje. E como hoje sentia a perplexidade sobre o futuro. A força da vida interrompida, num momento tão determinante para o país, deixava-nos a todos com medo. Só tinha dez anos em 1980. O desespero da perda, ainda hoje guardado na minha memória, sentia-se com o avançar dos rumores do que minutos mais tarde se confirmaria. Centenas de rostos a chorar compulsivamente naquela praça, não são fáceis de esquecer, para uma criança que, pela mão do seu pai, se cruzava com a história naquele momento, sem o saber. A morte de Sá Carneiro veio confirmada pela voz de Soares Carneiro, então candidato presidencial. O primeiro-ministro era esperado em Setúbal, mas não foi assim que o destino determinou. O caminho foi bruscamente interrompido. As expectativas eram grandes sobre o futuro do país. E estas foram quebradas com a queda daquele avião. A tragédia marcou esse tempo.
O tempo, hoje, para além de frio, no resto, a comparação é …cómica.

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